|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUCA KFOURI
Para calar a boca da crítica
A própria imprensa gosta
de dizer que o time X ou o
time Y calou a crítica. Uma
bobagem que não quer calar
TOMARA QUE a seleção brasileira tenha calado a boca dos críticos ontem no Mineirão.
Tomara que tenha vencido, e bem,
quem sabe até goleado, a poderosa
seleção da Argentina.
Dá até para imaginar as entrevistas, a maioria dedicada a responder
aos que disseram que a seleção foi
um fiasco tanto contra a Venezuela
quanto contra o Paraguai.
Por mais que esses mesmos que
agora talvez repliquem tenham admitido que a seleção brasileira, de
fato, não jogara nada diante de venezuelanos e paraguaios.
Terá jogado bem contra os argentinos? Tomara.
E viva o direito de revanche.
O direito autoral em relação ao
"vocês vão ter de me engolir" tem
dono conhecido, auge da bobagem,
como se as críticas que eram feitas a
Zagallo e sua seleção na Copa América de 1997, na Bolívia, não fossem
mais que merecidas e, pior, como se
os críticos não quisessem exatamente que a seleção jogasse bem e
ganhasse a taça.
E este é o ponto.
Os anões intelectuais da vida não
fazem idéia de quanto os críticos honestos querem ver os erros corrigidos e a seleção brasileira sempre
vencendo. E nem se dão conta de
que, ao contrário de fechar a boca
dos que têm senso crítico, e nenhuma segunda intenção ou interesse
comercial, o triunfo abre suas bocas
para felizes gargalhadas, só possíveis
em dias de vitória.
Outro dia mesmo eram os jogadores corintianos que diziam que ganhariam a Copa do Brasil para responder à crítica. Pois não ganharam
e não responderam, para tristeza
dos críticos que são corintianos.
Que fique, portanto, bem claro ao
sentimento revanchista: tudo o que
um jornalista quer é rigorosamente
igual ao que quem não é jornalista
também quer e, no caso, o que o torcedor quer: ver seu time vencer.
O resto é reação de gente medíocre, que não sabe nem perder nem
ganhar, exatamente as duas mais
preciosas lições do esporte.
Aliás, é tudo tão óbvio que até dá
preguiça de explicar, além de chover
no molhado para o leitor que está
cansado de saber disso.
Uma pena
O ministro Marcos Vilaça tem
feito um trabalho exemplar na fiscalização do dinheiro público que
foi investido no Pan-2007, mesmo
que já demore demais a apresentação do relatório final.
Infelizmente não poderemos esperar dele a mesma excelência em
relação à fiscalização do que farão
com o nosso dinheiro na Copa de
2014. Porque o mínimo que se exigirá será que se dê por impedido
para tal missão depois de ter, "por
convite pessoal" de Ricardo Teixeira, chefiado a desastrada delegação
brasileira na derrota no Paraguai.
Louve-se, aliás, a transparência
da CBF, que fez questão de anunciar em seu sítio a conquista de tão
influente aliado, como mostrou
Paulo Cobos, desta Folha.
Nas Copas passadas, juízes e desembargadores recebiam mordomias do gênero, e a entidade fazia
questão de ocultar. Hoje, acima do
bem e do mal, a CBF não tem nada
a temer. E ai de alguém se propuser
nova CPI sobre a entidade.
A menos, é claro, que a Argentina
tenha vencido em Belo Horizonte...
blogdojuca@uol.com.br
Texto Anterior: Tênis: Meligeni pega Sampras em circuito de veteranos Próximo Texto: Acordo segura ídolos corintianos Índice
|