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"Fantasma", Ipatinga já agoniza na elite do país
Último no Brasileiro, clube mineiro não tem sócios nem uma sede social
Em seu primeiro ano na
Série A, time tem pior média
de público do torneio e quer atrair torcedores para deixar perfil de equipe de aluguel
SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS
Um clube de futebol sem sócios, com apenas 42 funcionários e sem sede social. O presidente é eleito por apenas 12
conselheiros, os jogos do time
estão quase sempre com o estádio deserto e o objetivo da diretoria é lucrar com a venda de
atletas, e não com títulos.
Com esse perfil inusitado no
cenário esportivo nacional, o
Ipatinga amarga a pior campanha do Brasileiro-08 em sua estréia na elite. O clube, administrado de uma casa no bairro do
Horto, em Ipatinga, tem apenas
dez anos de história, foi campeão mineiro em 2005, e vai
tentar amanhã deixar a lanterna.
No Ipatingão, estádio construído pela prefeitura da cidade, o lanterna enfrentará o Santos. A equipe mineira tem 16
pontos. Já os paulistas, que estão em penúltimo, somam 18.
"Essa foi a fórmula que encontrei para conseguir fazer futebol no interior. Ela está dando certo nesses anos. Agora, temos que melhorar nossa situação em campo a partir de quarta-feira", disse o empresário
Itair Machado, 36, presidente
desde 2000 e fundador do clube em 1998, quando propôs aos
dirigentes de um modesto time
local transformá-lo no que é o
Ipatinga atualmente.
No início, Machado contou
com o apoio de Zezé Perrella,
homem forte do Cruzeiro, que
está sendo investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais por supostas irregularidades na transferência de jogadores. A parceria entre os clubes
fez do Ipatinga uma vitrine para os atletas que o time de Belo
Horizonte não usava, mas que
tinha intenção de negociar.
"Ele nos ajudou muito. O
Cruzeiro pagava 70% do salário
dos atletas e nós ficávamos com
20% da venda. Aquilo nos fez
crescer, mas não temos mais
nada. Agora, o Ipatinga vive das
suas pernas", afirmou.
Sem pressão por títulos, o
clube está com lucro no balanço de 2008. O saldo positivo foi
conseguido no mês passado,
quando o atacante Gérson Magrão foi negociado com o Cruzeiro. Os dirigentes do antigo
parceiro afirmam ter pago R$ 2
milhões pelo atleta. De acordo
com Machado, o futebol custa
cerca de R$ 400 mil mensais.
Apesar da boa fase financeira, o Ipatinga é um fracasso
dentro de campo e na arquibancada em 2008. No primeiro
semestre, a equipe foi rebaixada no Mineiro. Agora, o time é
lanterna do Brasileiro e tem a
pior média de público da Série
A -4.274 torcedores.
"Conseguimos crescer muito, mas a torcida não aparece da
noite para o dia. Mesmo assim,
já vejo torcedores deixarem o
estádio chorando nas últimas
derrotas", contou Machado.
O clube tem um programa de
sócio-torcedor, que conta com
4.200 participantes. Eles pagam até R$ 30 por mês e têm o
direito de assistir aos jogos no
Ipatingão. Pela modalidade
criada pela diretoria, os contribuintes não têm direito a voto.
"Crescemos muito rápido.
Quero agora criar pessoas para
tocar o clube", disse o presidente, que pretende deixar o cargo
em 2009, ano da próxima eleição. "Para o povo, o dirigente
sempre é ladrão. Garanto que
vou sair daqui sem um centavo.
Só espero manter o time na Série A", acrescentou o cartola.
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