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Bahia mostra seus talentos em Pequim
GIULLIANA BIANCONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Washington Silva, 30,
disputa sua segunda Olimpíada. Paulo Carvalho, 22,
é estreante em Jogos.
Mesmo já tendo percorrido uma estrada bem
maior no esporte, Silva
tem bastante em comum
com Carvalho. Ambos integram a seleção permanente e treinam no CT da
CBBoxe (Confederação
Brasileira de Boxe), em
Santo André. Mas, antes
de chegarem a São Paulo,
já haviam dado murros em
sacos de areia na Bahia.
O estado nordestino é
berço de quatro dos seis
pugilistas que formam a
equipe olímpica em Pequim. Carvalho é um deles. E Silva, apesar de ser
paulista, foi para a Bahia
aos dois anos de idade.
Eles são representantes
daquele que se tornou o
maior celeiro da modalidade no país. Na Bahia, o
boxe é uma paixão, alimentada por títulos que
pugilistas como Acelino
Freitas, o "Popó", e Valdemir Pereira, o "Sertão",
conseguiram nos ringues.
O presidente da CBBoxe, Luiz Carlos Boselli,
tem explicação técnica para a evolução da Bahia neste esporte. "Esse desenvolvimento muito se deve
à capacidade que os atletas
de lá tiveram de se adaptar
à mudança do sistema de
julgamento do boxe olímpico. Até os anos 80, era na
papeleta, depois passou a
ser feito no computador."
De acordo com o dirigente, pugilistas paulistas,
por exemplo, não se adequaram a esse tipo de julgamento.
Outra explicação para o
"boom" do boxe baiano
pode ser obtida numa visita à periferia de Salvador, onde estão cravadas academias da modalidade.
Em Nordeste de Amaralina, bairro com altos índices de criminalidade, a
Novo Astral é concorrida.
Na academia que funciona
na casa do segurança Gilvan Bispo, 40, há 60 alunos. No final de tarde de
uma terça-feira, 15 deles
pulam e repetem a contagem que vai de zero a dez.
A maioria está descalça.
"Eles guardam o tênis para
os dias de competição e
para a escola", diz o instrutor Robson Fonseca.
Nenhum dos alunos paga para treinar. Mesmo assim, a Novo Astral tem luvas conservadas e distribui bandagem para proteger a mão dos garotos.
"Aqui sempre foi assim,
um ajudando o outro e todo mundo tirando dinheiro do próprio bolso. A sorte é que baiano é apaixonado por boxe e sempre tem
quem dê uma força", afirma Joílson Santana, ex-atleta olímpico da categoria galo -disputou os Jogos de Seul-1988.
GIULLIANA BIANCONI participou da 45ª
turma do programa de treinamento da
Folha, que foi patrocinada pela Philip
Morris Brasil e pela Odebrecht
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