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DESPORTOS AQUÁTICOS
País privilegia evento de nível técnico inferior e vê baixo rendimento dos atletas em Barcelona
Brasil esquece Mundial por frisson do Pan
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O resto do planeta viajou à Barcelona esmerado em disputar a
competição mais importante da
temporada. O Brasil pensou diferente: resolveu encarar o Mundial
de Desportos Aquáticos apenas
como um treinamento de luxo.
Com o pensamento focado no
Pan-Americano de Santo Domingo, programado para agosto, o
contingente recorde de 84 atletas
que foi à Espanha não obteve nenhum resultado expressivo nos
sete primeiros dias de disputas.
E a partir de hoje, quando o Palau Sant Jordi passa a abrigar o
principal chamariz do evento
-as provas de natação-, as
perspectivas de alteração nesse
cenário seguem inalteradas.
"Todo o treinamento foi programado para que os atletas chegassem ao auge na República Dominicana", contou Ricardo Moura, chefe da natação brasileira.
O argumento é uniforme e permeia o discurso dos dirigentes de
todas as modalidades aquáticas
do Brasil: no Pan, os brasileiros
têm muito mais visibilidade e recebem mais espaço na mídia.
Apesar de registrar um nível
técnico muito mais apurado e valer como seletiva para a Olimpíada de Atenas-2004, o Mundial, segundo os técnicos do Brasil, não
recebe a mesma atenção de patrocinadores e da população.
"Não vejo problema em privilegiar o Pan. É um torneio bastante
competitivo e todos vão acompanhar nosso trabalho mais de perto", disse Alice Kholer, que coordena os saltos ornamentais.
Ela viu seus comandados alcançarem bons resultados nos eventos internacionais de preparação
para o Mundial. Na final do
Grand Prix, por exemplo, Juliana
Veloso terminou com a segunda
colocação na plataforma. Em Barcelona, porém, ninguém chegou a
lutar diretamente pelo pódio.
"Nos aprimoramos e agora sei
que temos chances reais de ganhar a primeira medalha dos saltos ornamentais brasileiros no
próximo Pan", disse Kholer.
Caminho semelhante seguiu a
natação sincronizada. A categoria
disputou torneios preparatórios
na Europa, mas não emplacou nenhuma competidora em finais na
Espanha. "É um esporte cujo critério de avaliação é muito subjetivo. Precisamos aparecer para o
mundo, ganhar tradição, e só depois pensarmos em melhores resultados. Dá pra dizer, porém,
que somos candidatos ao pódio
no Pan", disse Sônia Hercowitz,
que coordena a modalidade.
O pólo aquático masculino também sucumbiu logo de cara. Foram três derrotas em três jogos e
eliminação incontestável. No feminino, o time chegou a bater a
Grã-Bretanha, mas caiu diante de
Canadá, Austrália e Rússia.
As duas seleções também fizeram treinamento diferenciado.
Os homens jogaram a Liga Mundial e disputaram amistosos na
Argentina, enquanto as mulheres
treinaram com a seleção italiana.
Para custear a preparação dos
competidores, a Confederação
Brasileira de Desportos Aquáticos
conta com duas fontes de renda.
Recebe um patrocínio anual dos
Correios de R$ 5 milhões e um
montante da Lei Piva, que corresponde, em 2003, a R$ 1,4 milhão.
Modalidade aquática em que o
país tem mais tradição, a natação
não pode ostentar o estigma de
"salvadora da pátria" no Mundial.
Com um time renovado, o único resquício de esperança em medalhas está no revezamento 4 x
100 m livre, bronze nos Jogos de
Sydney, que cai na água hoje.
"Vamos fazer tudo para colocar
o Brasil nas finais, embora todo
mundo aqui esteja treinando para
dar seus melhores resultados no
Pan-Americano", contou Fernando Scherer, que nada hoje também os 50 m borboleta.
O Brasil não sobe ao pódio em
Mundiais desde 1994, quando
Gustavo Borges abocanhou um
bronze nos 100 m livre no evento
disputado em Roma (ITA). No
mesmo torneio, o elenco masculino do 4 x 100 m livre também alcançou o terceiro lugar.
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