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Team Darfur faz denúncia de genocídio
Team Darfur
faz denúncia
de genocídio
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Logo após ganhar um ouro e
uma prata olímpica nos Jogos
de Inverno de Turim-06, o patinador Joey Cheek resolveu
destinar os US$ 40 mil que ganhara de bônus pelas medalhas
a uma ONG que trabalha com
crianças refugiadas em Darfur.
Seu exemplo começou a ser
seguido por outros atletas, de
diversos países do mundo, que
juntos doaram mais de US$ 1
milhão para a campanha.
A ação conjunta detonou a
formação do Team Darfur, que
denuncia o genocídio na região
e hoje congrega mais de 360
atletas e ex-atletas de 50 países.
Entre os membros mais
atuantes do grupo está a queniana Tegla Loroupe, ex-campeã de três das mais importantes maratonas do planeta (Nova York, Londres e Berlim).
"O que já vi em minhas andanças pelo mundo não é nada
perto da grave injustiça que está sendo feita com o povo de lá
[Darfur]. Não podemos permitir que o sofrimento dessas pessoas continue a ser ignorado
pelo resto mundo", afirmou à
Folha Loroupe, por telefone.
A queniana é embaixadora
da ONU para o esporte e visitou os campos de refugiados da
região. "O local é uma prisão
para seus habitantes. As mulheres, quando saem para buscar lenha, correm grave risco
de serem atacadas pelas milícias da região", descreve ela.
Apesar de sua atuação como
ativista, Loroupe, que ainda
corre aos 35 anos -foi oitava
na Maratona de Nova York-07-, não defende o uso de símbolos ou gestos de sua campanha na Olimpíada de Pequim.
"A Olimpíada tem regras rígidas. Não é o lugar adequado
para isso. Não irei à China.
Acho que serei mais útil em outros lugares", diz Loroupe.
Cheek, um dos fundadores
do Team Darfur e hoje seu presidente, por sua vez, tem visão
um pouco diferente da colega.
"Acredito que os atletas devam obedecer às regras do Comitê Olímpico Internacional e
às leis do país anfitrião. Mas o
próprio COI tem dito que os
atletas têm liberdade de expressão", declara o americano.
"Pessoalmente, usarei todos
os recursos de que disponho
para apoiar os atletas que sejam pressionados ou que tenham problemas para exercer
esse direito", acrescenta ele.
Entre os auxílios está o serviço da Mishcon de Reya, escritório de advocacia da Inglaterra,
que se ofereceu para defender
atletas que sejam punidos, inclusive na Olimpíada, por opinar sobre a situação em Darfur.
Cheek lamenta que não haja
atleta do Brasil entre os membros do Team Darfur.
"Existimos há menos de um
ano e ainda não falamos com
todos os países. Ter atletas do
Brasil, em particular, seria um
grande impulso para nossa
causa na América do Sul, para
mostrar que congregamos esportistas de todo o mundo."
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