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PEQUIM 2008
Desleixo
DESCASO DE DIRIGENTES, FALTA DE TREINOS , ASTROS EM MÁ FORMA E DESPREPARO DE ATLETAS ADIAM MAIS UMA VEZ O SONHO DO BRASIL DE GANHAR O OURO NO FUTEBOL
PAULO COBOS
FÁBIO SEIXAS
ENVIADOS ESPECIAIS A PEQUIM
Há 18 anos, na Copa da Itália, Maradona enterrou a primeira era Dunga. Ontem, na
China, o maior ídolo argentino foi outra vez emblemático.
Porque enquanto seu genro
adiava novamente o sonho do
inédito ouro olímpico brasileiro, pondo em xeque a era
Dunga como técnico, sua presença na platéia escancarava
a forma como Brasil e Argentina encararam a Olimpíada.
Com dois gols de Agüero,
companheiro de Giannina, filha de Maradona, a Argentina
venceu a seleção brasileira
por 3 a 0 na semifinal dos Jogos de Pequim. Dunga e seus
comandados agora tentarão o
bronze, na sexta-feira, contra
a Bélgica. Um dia depois, os
argentinos tentam o bicampeonato diante da Nigéria.
Desfecho que espelha o que
aconteceu nos meses que antecederam os Jogos e as decisões de dirigentes nos últimos
dias, já durante a Olimpíada.
Dunga foi para a Ásia com
uma comissão técnica reduzida. Nenhum cartola de peso o
acompanhou -Ricardo Teixeira, presidente da CBF, não
deu as caras na China. Ao lado
de Maradona ontem, no Estádio dos Trabalhadores, estava
Júlio Grondona, o presidente
da AFA, a federação argentina.
Pelé vai estar em Pequim
amanhã. Tarde para apoiar o
time de futebol. Mas em tempo de estrear como garoto-propaganda da candidatura do
Rio para a Olimpíada de 2016.
Dunga não gostou de levar o
time para a Vila Olímpica, mas
Teixeira ignorou as queixas do
treinador. A Argentina não
gostou do abrigo dos atletas
depois de conhecê-lo na primeira fase e foi para um hotel
antes do jogo de ontem.
Os rivais sul-americanos fizeram amistosos com antecedência para preparar o time
olímpico. O Brasil, até 15 dias
antes da abertura da Olimpíada, não sabia quem convocar.
Jogadores argentinos com
mais de 23 anos, como Mascherano e Riquelme, conseguiram a liberação de seus clubes
para atuarem na China. Kaká e
Robinho disseram que não.
A Argentina separou o time
olímpico do principal, que joga
hoje amistoso contra Belarus
na preparação para as duas
próximas rodadas das eliminatórias, no início de setembro.
Já o Brasil mandou Dunga à
Olimpíada, esquecendo temporariamente do time principal, apenas o quinto colocado
no qualificatório para a Copa.
Por fim, os grandes astros de
cada equipe chegaram em momentos distintos. No auge físico e técnico, Messi foi novamente veloz, driblador, direto e
decisivo. Ronaldinho, seu ex-parceiro de Barcelona, perdeu
os quilos extras, mas, lento, não
foi sombra do jogador duas vezes eleito melhor do mundo.
Impacto do segundo fracasso
olímpico, porção da decepção
coletiva, ou ambos, o meia, agora do Milan, surgiu para falar
com os repórteres com os olhos
vermelhos após muito choro
nos vestiários e no exame antidoping. Reação muito mais
aguda do que a aparência blasé
após a derrota na Copa de 2006.
E lançou uma frase que soou
cunhada para o futebol assim
como para outras modalidades
do país nos Jogos da China.
"Nós, brasileiros, não estamos preparados para perder."
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