São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Treinadora dos EUA canta para "abrasileirar" atletas

Pia Sundhage, sueca que revoluciona o vitorioso time, também toca

Bob Dylan, Chuck Berry, Simon & Garfunkel e Bette Midler embalam jogadoras americanas para disputa do ouro, amanhã, ante o Brasil


DO ENVIADO A PEQUIM

É com músicas de Bob Dylan, Chuck Berry, Simon & Garfunkel e Bette Midler que a técnica dos EUA, rival, amanhã, em Pequim, da seleção brasileira na decisão feminina do futebol, comunica-se com suas atletas.
Primeira estrangeira a ocupar o cargo de técnico da mais vitoriosa equipe de mulheres do futebol, a sueca Pia Sundhage, 48, canta, quase sempre tocando guitarra, nas preleções e nos treinos para driblar a pouca familiaridade com o inglês e por achar que algumas letras de canções são muito mais indicadas para passar às atletas a mensagem que deseja.
Contratada para dar nova cara ao futebol dos EUA, que após anos de hegemonia entrou em pane após perder por goleada para o Brasil no Mundial do ano passado, Pia logo na sua apresentação soltou a voz.
Na ocasião, na base da capela, foi de Bob Dylan. A idéia era que a partir dali as americanas deveriam pensar o futebol de outra maneira, trocando a correria e a força física por um estilo mais cadenciado, mais ao jeito brasileiro de jogar.
Ela interpretou "The Times They Are A-Changin", cuja letra diz algo como: "Então é melhor começar a nadar, ou você afundará como uma pedra, pois os tempos estão mudando".
Nos primeiros treinos, para explicar a forma cadenciada, e com a bola no chão, como queria que as atletas jogassem, cantou "The 59th Street Bridge Song", de Simon & Garfunkel. A letra diz: "Vá mais devagar, você se move muito rápido".
Para ganhar também os corações das jogadoras americanas, Pia também atacou de músicas românticas, como "The Rose", de Bette Midler, que tem na letra a seguinte passagem: "Dizem que o amor, como a fome, é necessidade insaciável, mas acho que o amor é como uma flor, e você, sua única semente".
Para comemorar a classificação para os Jogos Olímpicos, em um hotel do México, a técnica sueca atacou de Chuck Berry e seu clássico "Johnny B. Goode", com seu famoso refrão "Vamos, vamos Johnny".
"O inglês não é minha língua nativa. Você tem que se comunicar da melhor forma possível. E sempre quero dizer alguma coisa que elas vão conseguir lembrar. Eu posso não encontrar a palavra em inglês, então eu canto", afirma Pia, que na Suécia já lançou até um CD.
Seu estilo conquistou as americanas. No início deste ano, ela precisou ir para a Suécia ao enterro de sua mãe. Na sua ausência, as jogadoras da seleção adaptaram letras de músicas famosas em sua homenagem. Quando Pia voltou, todas cantaram suas composições para a treinadora.
Dentro de campo, as jogadoras também aprovaram as mudanças trazidas por Pia, que foi uma das melhoras jogadoras suecas de todos os tempos e já trabalhou na China, na Noruega e em times americanos.
"Nosso time hoje é diferente. Temos mais a posse de bola. Não corremos tanto como antes, e agora várias jogadoras, de diferentes posições, fazem gols", afirma a meia Shannon Boxx, uma das poucas remanescentes da geração de ouro dos EUA, que perdeu, por aposentadoria, Mia Hamm e, por contusão, em um recente amistoso contra o Brasil, Abby Wambach. (PAULO COBOS)


Texto Anterior: Pessoa quer que cavalo passeie antes da final
Próximo Texto: "Heroína da resistência", Formiga honra o nome
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.