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FUTEBOL
Treinadora dos EUA canta para "abrasileirar" atletas
Pia Sundhage, sueca que revoluciona o vitorioso time, também toca
Bob Dylan, Chuck Berry, Simon & Garfunkel e Bette Midler embalam jogadoras americanas para disputa do ouro, amanhã, ante o Brasil
DO ENVIADO A PEQUIM
É com músicas de Bob Dylan,
Chuck Berry, Simon & Garfunkel e Bette Midler que a técnica
dos EUA, rival, amanhã, em Pequim, da seleção brasileira na
decisão feminina do futebol,
comunica-se com suas atletas.
Primeira estrangeira a ocupar o cargo de técnico da mais
vitoriosa equipe de mulheres
do futebol, a sueca Pia Sundhage, 48, canta, quase sempre tocando guitarra, nas preleções e
nos treinos para driblar a pouca
familiaridade com o inglês e
por achar que algumas letras de
canções são muito mais indicadas para passar às atletas a
mensagem que deseja.
Contratada para dar nova cara ao futebol dos EUA, que após
anos de hegemonia entrou em
pane após perder por goleada
para o Brasil no Mundial do ano
passado, Pia logo na sua apresentação soltou a voz.
Na ocasião, na base da capela,
foi de Bob Dylan. A idéia era
que a partir dali as americanas
deveriam pensar o futebol de
outra maneira, trocando a correria e a força física por um estilo mais cadenciado, mais ao jeito brasileiro de jogar.
Ela interpretou "The Times
They Are A-Changin", cuja letra diz algo como: "Então é melhor começar a nadar, ou você
afundará como uma pedra, pois
os tempos estão mudando".
Nos primeiros treinos, para
explicar a forma cadenciada, e
com a bola no chão, como queria que as atletas jogassem, cantou "The 59th Street Bridge
Song", de Simon & Garfunkel. A
letra diz: "Vá mais devagar, você se move muito rápido".
Para ganhar também os corações das jogadoras americanas,
Pia também atacou de músicas
românticas, como "The Rose",
de Bette Midler, que tem na letra a seguinte passagem: "Dizem que o amor, como a fome, é
necessidade insaciável, mas
acho que o amor é como uma
flor, e você, sua única semente".
Para comemorar a classificação para os Jogos Olímpicos,
em um hotel do México, a técnica sueca atacou de Chuck
Berry e seu clássico "Johnny B.
Goode", com seu famoso refrão
"Vamos, vamos Johnny".
"O inglês não é minha língua
nativa. Você tem que se comunicar da melhor forma possível.
E sempre quero dizer alguma
coisa que elas vão conseguir
lembrar. Eu posso não encontrar a palavra em inglês, então
eu canto", afirma Pia, que na
Suécia já lançou até um CD.
Seu estilo conquistou as
americanas. No início deste
ano, ela precisou ir para a Suécia ao enterro de sua mãe. Na
sua ausência, as jogadoras da
seleção adaptaram letras de
músicas famosas em sua homenagem. Quando Pia voltou, todas cantaram suas composições para a treinadora.
Dentro de campo, as jogadoras também aprovaram as mudanças trazidas por Pia, que foi
uma das melhoras jogadoras
suecas de todos os tempos e já
trabalhou na China, na Noruega e em times americanos.
"Nosso time hoje é diferente.
Temos mais a posse de bola.
Não corremos tanto como antes, e agora várias jogadoras, de
diferentes posições, fazem
gols", afirma a meia Shannon
Boxx, uma das poucas remanescentes da geração de ouro
dos EUA, que perdeu, por aposentadoria, Mia Hamm e, por
contusão, em um recente amistoso contra o Brasil, Abby
Wambach.
(PAULO COBOS)
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