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ARTIGO
Futuro de patrocínio é desafio para o COB
Mudança de detentor dos direitos de TV para próxima Olimpíada afetará venda de cotas e planos do comitê
ALESSANDRO MARTINELI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Pela primeira vez, o Comitê
Olímpico Brasileiro (COB) possui um número ideal de patrocinadores conforme manda um
bom planejamento comercial
para um ciclo olímpico.
Seis empresas de grande expressão nacional acreditaram
que o esporte brasileiro pudesse proporcionar ao país uma
boa participação em Pequim.
Aproveitaram o patriotismo
decorrente da Olimpíada para
desenvolver plataformas de ativação de marketing, que utilizam o logo do COB. Cada medalha conquistada por um atleta
brasileiro representa uma nova
chance de alavancar visibilidade da marca e gerar negócios.
Mas a realidade é outra: a
participação dessas marcas na
equipe brasileira durante a
Olimpíada é apenas conseqüência da negociação feita para o Pan do Rio.
Com a parceria entre COB,
Co-Rio, Rede Globo, Globosat,
Globo.com, Infoglobo, Sistema
Globo de Rádio e Editora Globo, cada patrocinador aportou
cerca de R$ 70 milhões por cota, que incluía extensa entrega
de mídia por mais de dois anos,
direitos de merchandising e patrocínio oficial da delegação.
Ou seja, os patrocinadores
compraram cota para o Pan e
carimbaram os passaportes para Pequim-2008. Uma maneira
inteligente de envolver as empresas por mais tempo com os
ideais olímpicos, oferecer um
ótimo produto para ativação
futura e, quem sabe, renovar o
patrocínio por mais um ciclo.
Vale destacar que apenas cerca
de R$ 11 milhões de cada cota
destinavam-se ao COB.
Com o início da Olimpíada,
ficou claro que, com exceção da
Olympikus, que possui profundo relacionamento com o COB
e explora bem a grande visibilidade que os Jogos proporcionam, há patrocinadores com
baixo aproveitamento de marketing e envolvimento limitado
com a marca do COB no principal evento esportivo mundial.
A Caixa utiliza seus patrocínios às confederações de ginástica e atletismo para impulsionar a publicidade, mas não
montou nenhuma grande plataforma de marketing. Petrobras, Sadia e Oi não desenvolveram ações especiais para os
Jogos e apenas utilizam pacotes de mídia para divulgação de
suas campanhas. A cerveja Sol
teve estratégia específica na internet incentivando a torcida a
assistir às competições, que
ocorrem de madrugada, o que,
em princípio, gera maior consumo de seus produtos.
Com esse cenário pouco animador, o COB deverá ter trabalho para renovar com os atuais
parceiros. E, para piorar, o próximo ciclo olímpico é menos
convidativo para os patrocinadores, se considerarmos que o
Pan de 2011 será no México,
com menor visibilidade do que
os Jogos do Rio-2007.
Mas o principal ponto a ser
analisado é a troca das emissoras oficiais: sai a Globo e entra a
Record na transmissão do Pan
de Guadalajara-2011 e da Olimpíada de Londres, em 2012.
Mesmo com o crescimento
da Record, é inegável a força e
experiência da Globo na divulgação de eventos esportivos.
Sua saída pode trazer impacto
negativo no período de preparação das equipes olímpicas,
com número reduzido de matérias e menor envolvimento
com o espírito olímpico.
Com isso, haverá menor visibilidade dos patrocinadores e
não seria nenhum absurdo prever investimentos inferiores
não só para o COB, como também para suas confederações.
ALESSANDRO MARTINELI é diretor de marketing esportivo da Momentum e sócio-diretor da
Mil Milhas Brasil
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