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MOTOR
Chance perdida
Esporte a motor viveu no último fim de semana, na pista de Le Mans, uma corrida vibrante, de contornos épicos
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
NENHUMA TV entre as trocentas opções no cabo mostrou.
Nos jornais, a notícia foi engolida pelo fiasco da seleção. Sobrou
o éter cibernético, notas nos sites especializados em automobilismo. Só.
Só. Muito pouco.
Porque o esporte a motor viveu no
último fim de semana, em Le Mans,
dias mágicos, históricos, épicos.
Senão, vejamos... "A corrida pode
ser descrita como a melhor Le Mans
de toda uma geração. Uma corrida
genuína, até as últimas voltas", cravou a "GP Week". Para a "Autosport", a prova já pode ser enquadrada como um "verdadeiro clássico". A
"Auto, Motor und Sport" a classificou de "a mais vibrante em anos".
As protagonistas das 24 Horas,
marcas de respeito: Audi e Peugeot.
A primeira, vencedora de sete das
oito edições anteriores, destruidora
de um paradigma, em 2006, ao
triunfar com motor diesel.
A segunda, a que mais investiu no
ano, iniciativa que teve como resultado a evolução do já irresistível 908
HDi FAP, também diesel, e a escalação de uma esquadra com nove ex-F-1. Tudo para quebrar um jejum de
15 anos sem vitória francesa na mais
emblemática corrida do Turismo.
E tão hercúleo foi o esforço dos
franceses que conseguiu destruir o
favoritismo alemão. Antes da prova,
as apostas giravam em torno de qual
dos três Peugeot levaria a vitória. E o
frisson só fez aumentar na definição
do grid, 1-2-3 local, com eternos
5s334 do pole para o primeiro Audi.
Mas havia uma prova de 24 horas.
E que, na 13ª hora, viu o Audi na liderança. Porque a Peugeot cansou
de errar na estratégia. Porque o tanque dos Peugeot agüentava 11 voltas,
enquanto os Audi completavam 13.
Porque, na chuva da madrugada, os
pneus intermediários rendiam
mais, bem mais, nos carros alemães.
Velocidade por velocidade, porém, os franceses eram melhores.
E a última hora foi aberta com
2min42s de folga do Audi, pilotado
por Kristensen, uma lenda do Turismo, sobre Minassian, que era oito
segundos mais rápido por volta.
A perseguição, com pista úmida
em alguns trechos, foi implacável.
A caça, com intermediários, deu
uma aula. O caçador, piloto local,
com pneus lisos, não poderia se dar
ao luxo de um pit stop. Volta a volta,
a diferença despencava. A ultrapassagem parecia questão de tempo.
Tudo isso, lembrem, na França.
As últimas voltas tiraram o fôlego
dos 258.000 (!!!!!!) torcedores nas
arquibancadas. Mas, então...
Minassian rodou na curva Dunlop
e, com um pneu furado, completou
as últimas voltas no sacrifício. E só
então, nos minutos finais, uma epopéia de 24 horas foi resolvida.
À Audi, a oitava vitória em nove
anos. Para a Peugeot, o consolo do
lema de que são necessários três
anos para um carro vencer as 24 Horas de Le Mans -este foi o segundo.
E, por aqui, ninguém viu isso.
fseixas@folhasp.com.br
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