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FÓRMULA 1
É hoje?
Michael Schimacher corre em Magny-Cours pelo pentacampeonato
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MAGNY-COURS
O primeiro a falar é Jean Todt,
diretor esportivo da Ferrari: "A
principal qualidade do Michael é
a amizade, a maneira como ele
consegue se relacionar com todo
mundo. Tenho por ele o mesmo
amor que sinto por meu filho, Nicolas. Ele é um filho pra mim".
Depois, Ross Brawn, engenheiro, diretor técnico e estrategista
da equipe: "Sua principal qualidade é a frieza, o que lhe dá uma capacidade de reagir muito rápido.
Simultaneamente, ele consegue
pilotar e combinar coisas complicadíssimas pelo rádio".
Por fim, fechando a lista das três
pessoas que trabalham mais próximas a Michael Schumacher, o
brasileiro Rubens Barrichello: "É
a velocidade, sem dúvida. O Ayrton [Senna" também era muito
veloz, mas às vezes batia. O Schumacher é consistente. E, com os
anos, conseguiu agrupar outros
fatores à sua velocidade".
Os três personagens falaram à
Folha em Magny-Cours. E deram
três opiniões totalmente diferentes sobre uma mesma pessoa.
Relacionamento, frieza, velocidade. Qualidades que, juntas, podem fazer Michael Schumacher,
33, igualar hoje o mítico pentacampeonato de Juan Manuel Fangio. Uma marca conquistada nos
distantes anos 50 e que gênios como Alain Prost, Senna e Jim Clark
não conseguiram alcançar.
Relacionamento, frieza, velocidade. Qualidades que ainda podem levar o ferrarista a outros recordes. Com a corrida desta manhã, apenas 64,7% do Mundial terá sido disputado. Nunca, na história, um piloto fechou tão cedo
um campeonato. O recorde, até
agora, pertence a Nigel Mansell,
campeão em 92 após correr 68,7%
do calendário daquele ano.
Cronologicamente, a história se
repete. Nunca ninguém se tornou
campeão em julho. A melhor
marca dos 52 anos da F-1 pertence
a outro mito das pistas, o escocês
Clark, que levou seu bicampeonato em 1º de agosto de 1965.
O GP da França, 11ª etapa da
temporada, acontece a partir das
9h (horário de Brasília), no circuito de Magny-Cours, com TV.
Para levar o título, Schumacher
precisa vencer e esperar que nem
Barrichello nem Juan Pablo Montoya cheguem em segundo lugar.
Seu maior adversário parece ser
Montoya. Ontem, no treino que
definiu o grid, o colombiano conseguiu sua quinta pole consecutiva. Schumacher larga em segundo
e Barrichello, em terceiro.
"Vou tentar chegar ao fim e ver
o que acontece. Corro por prazer
e tenho enorme prazer em vencer,
então é besteira dizerem que vou
jogar a decisão para Hockenheim", disse o tetracampeão ontem, referindo-se aos boatos de
que ele preferiria conquistar o título no próximo GP, na Alemanha, diante de sua torcida.
O pentacampeonato consagraria ainda mais um piloto que estreou na F-1 há pouco menos de 11
anos, quase sem querer, e que, no
período, acumulou recordes como nenhum outro na história.
O alemão só sentou em um F-1
por acaso. Piloto de turismo da
Mercedes-Benz, foi convidado a
disputar o GP da Bélgica de 1991
pela Jordan na vaga de Bertrand
Gachot, que havia sido preso por
espirrar gás paralisante em um
motorista de táxi durante uma
briga de trânsito em Londres.
Schumacher mentiu para Eddie
Jordan, disse que conhecia o circuito de Spa-Francorchamps e,
assim, ganhou a chance. Hospedado em um modesto albergue da
juventude, cavou um excelente
sétimo lugar no grid e abandonou
a prova na primeira volta, com
um problema mecânico.
Foi o suficiente para chamar a
atenção da Benetton, que o contratou para a corrida seguinte e na
qual ficou até o fim de 1995, quando se mudou para a Ferrari.
Hoje, Schumacher é o recordista isolado de vitórias (60), melhores voltas (47), pontos (887), voltas na liderança (3.423). É, ao lado
de Mansell, quem mais GPs venceu em uma mesma temporada
(nove, marca alcançada em 1995,
2000 e no ano passado).
Além do pentacampeonato, o
único recorde relevante que ele
ainda não alcançou é o de poles.
Senna fez 65. Schumacher soma
46, mas tem pelo menos mais 40
corridas pela frente até dezembro
de 2004, quando termina seu
atual contrato com a Ferrari.
Quem pensa que o alemão é um
obcecado por recordes, porém, se
engana. Publicamente, ele nunca
deu a mínima atenção para essas
marcas históricas.
A única vez em que se abalou foi
em 2000, quando, na Itália, igualou as 41 vitórias de Senna.
Ali, Schumacher não se conteve
e chorou. Ele nunca escondeu que
sempre foi fã do brasileiro.
Muito provavelmente, vai voltar
a se abalar hoje, já que também
nunca camuflou sua profunda admiração por Fangio.
Por décadas, o pentacampeonato foi uma meta que parecia inatingível, daquelas marcas alcançadas só uma vez na história, em
tempos remotos, e pronto.
Talvez porque, desde Fangio,
nunca nenhum piloto tenha reunido tantas qualidades. Relacionamento, frieza e velocidade.
NA TV - GP da França, na
Globo, ao vivo, às 9h
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