|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HIPISMO
Hipótese de refugo é rechaçada por Pessoa
Rufus é tido como menos "genial" que Baloubet, mas mais confiável
Ginete Rodrigo Pessoa diz que o animal é superfranco e descarta a repetição do que fez sua antiga montaria nos Jogos de Sydney
LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL A HONG KONG
Rufus, cavalo que Rodrigo
Pessoa montará hoje para defender seu título olímpico, não
é tão espetacular como Baloubet du Rouet, que disputou os
Jogos de Sydney e Atenas. E,
por isso mesmo, o risco de
acontecer uma repetição em
Hong Kong da refugada na Austrália é quase inexistente.
"Baloubet era mais genial como animal, mas com uma certa
dificuldade. Poderia apresentar
um pouco de problema. Rufus,
de segunda a domingo, é o mesmo cavalo." Quem explica é
Nelson Pessoa, 72, dos quais 60
dedicados ao hipismo.
"Rufus é um cavalo clássico,
com temperamento padrão,
bem adestrado, obediente, calmo. Vamos dizer, um cavalo
mais para o ordinário, um cavalo comum, com as qualidades
necessárias de respeito e potência. O Baloubet era mais genial, temperamental, inteiro,
com todas as dificuldades que
um cavalo inteiro mostra. Um
verdadeiro macho, garanhão",
compara o pai do campeão
olímpico em Atenas-2004.
"Isso dava sempre uma certa
expectativa na performance
dele, haja vista o que fez em
Sydney. Com Rufus, normalmente, jamais passará uma coisa dessas. E isso deixa o cavaleiro muito calmo abordando a
aproximação da pista", diz Nelson, que verá hoje o filho participar de uma final olímpica pela quinta vez consecutiva.
Sem citar especificamente o
traumático episódio de Sydney
-quando chegou à decisão coberto de favoritismo e era a última grande chance de medalha de ouro na delegação brasileira, que voltou da Austrália
sem o metal na bagagem-, Rodrigo também revela não contar com imprevistos como o de
2000 na competição de hoje.
"Todos os cavalos são diferentes. Este é um cavalo que
tem menos força, menos potência naturalmente, mas tem
outras qualidades também. É
um cavalo que não olha nada, é
superfranco, impossível de ele
dar uma parada ou algo assim",
fala o ginete sobre seu companheiro nesta Olimpíada, um robusto cavalo de raça holandesa
com dez anos de idade.
"Antes do começo da prova, o
Rodrigo não era apontado como o grande candidato. Mas ele
mostrou que seu cavalo se desenvolveu de forma precisa para chegar aqui em excelente
forma. Havia uns dez cavalos
mais favoritos que o dele no
torneio", avalia Álvaro Affonso
de Miranda Netto, o Doda, único cavaleiro do país entre os 20
melhores do ranking, que ficou
fora dos Jogos após sua égua
apresentar uma lesão.
Para fazer Rufus chegar ao
torneio olímpico no auge, Pessoa sacrificou parte do circuito
internacional. Abriu mão, inclusive, de competir dando o
melhor do conjunto, o que poderia colocá-lo no páreo pelas
premiações em dinheiro nesses
eventos internacionais.
A meta era não sobrecarregar
o cavalo e deixá-lo evoluir naturalmente até o início da competição em Hong Kong.
"Ele caiu no ranking e não se
classificou para a final do Global Champions Tour por causa
disso", afirma o agente do cavaleiro, André Beck.
O retorno está vindo no torneio olímpico. Em Hong Kong,
além de terem planejado o ápice da forma de Rufus, Nelson e
Rodrigo Pessoa resolveram
uma dificuldade que o ginete
apresentava na condução do
cavalo, com a troca da embocadura usada na competição.
Outro conjunto brasileiro (o
cavaleiro Bernardo Alves, montando Chupa Chup 2) também
está classificado para a final individual do concurso de saltos.
Texto Anterior: Ucraniana é 1º caso de doping do atletismo Próximo Texto: Como é a final da prova de saltos Índice
|