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VÔLEI DE PRAIA
Por consagração, azarões recorrem a conselho de mito
Após dica de Kiraly, Fábio Luiz, que tenta o ouro com Márcio, passa a ver parceria como um "casamento"
BRASIL
Contra americanos, dupla tenta dar o bi ao país nas areias, à meia-noite de hoje
DA ENVIADA A PEQUIM
No primeiro dia de treinos
em Pequim, Fábio Luiz se encontrou com Karch Kiraly.
Diante do maior jogador de vôlei de praia de todos os tempos,
o brasileiro tentou buscar a resposta para uma missão que lhe
parecia impossível: o segredo
para ser campeão olímpico.
O norte-americano, primeiro
e único a conquistar a medalha
de ouro na areia e na quadra,
deu um conselho simples: pensar um ataque de casa vez, um
bloqueio de cada vez.
As palavras de Kiraly ecoam
como um mantra desde então
na cabeça do jogador brasileiro.
Uma repetição que norteou a
campanha de Márcio e Fábio
Luiz nos Jogos de Pequim.
Fora dos holofotes, os dois
superaram todos os seus obstáculos na competição até, anteontem, baterem os atuais
campeões olímpicos, Ricardo e
Emanuel. Hoje, à meia-noite,
contra os norte-americanos
Rogers e Dalhausser, buscam
levar o Brasil de novo ao topo.
"Quando ouvi o conselho do
Kiraly, percebi que tinha de
pensar em um jogo da cada vez.
Ele deve saber alguma coisa de
vôlei", brincou Fábio Luiz.
O time, no entanto, ainda
tentava juntar os cacos de uma
temporada de brigas, contusões e maus resultados.
"Tivemos uma conversa e vimos que, para ganhar, a gente
tinha de ser mais que amigo, tinha de ser irmão. Um tinha de
cuidar do outro, como em um
casamento. Passei a fazer isso
com o Márcio. A gente começou a se doar mais", disse ele.
"Quando você está ganhando, tudo é uma maravilha.
Quando você está em dificuldades, um grão de areia vira uma
pedra. Se a gente queria chegar
a uma medalha, tinha de se
acertar", completou o capixaba
de 29 anos e 2,04 m.
Os problemas internos haviam influenciado os resultados da parceria na quadra. Após
abrirem larga vantagem no
ranking mundial, a dupla conseguiu abocanhar a segunda
vaga no Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim apenas na última partida, sepultando as
chances de Pedro e Harley.
Com tal retrospecto, Márcio
e Fábio Luiz não eram apontados como um dos favoritos na
Olimpíada, apesar de já terem
ganhado o Circuito Mundial.
No jogo semifinal, em seu
maior desafio até então, a dupla
mostrou o resultado do pacto.
Em um jogo impecável, manteve Ricardo e Emanuel sempre
atrás no placar e venceu por 2
sets a 0 (22/20 e 21/18).
"Ganhar deles era quase impossível, eles vinham numa
crescente, principalmente
após o jogo contra a Rússia
[quando salvaram quatro
match points]. Tivemos de nos
concentrar ainda mais. Para
ganhar deles você tem de jogar
120%", afirmou o cearense
Márcio, de 34 anos e 1,92 m,
após a vitória na semifinal.
O resultado era o que queriam Rogers e Dalhausser. Antes da partida, os americanos
haviam declarado que seria
mais fácil derrotar Márcio e
Fábio Luiz na decisão.
"Sei que os americanos disseram que preferiam enfrentar
a gente. Eles verão o que é bom
para a tosse. Vamos jogar tudo
contra eles, agora sabemos que
é possível", declarou Márcio.
(MARIANA LAJOLO)
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