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Para vencer, Marta vira mais raçuda e tranqüila
DO ENVIADO A PEQUIM
DO ENVIADO A XANGAI
Quatro anos após a primeira
grande decepção nos gramados, Marta brinca. O que mudou? "Estou quatro anos mais
velha." E emenda: "Estou mais
tranqüila, com um pouco mais
de experiência, não sou mais
marinheira de primeira viagem
em Olimpíada".
Foi mais do que isso. Uma
das líderes do time que caiu
diante dos EUA naquele 27 de
agosto de 2004, na final olímpica de Atenas, a atacante foi eleita duas vezes melhor do mundo, perdeu uma Copa do Mundo em 2007 e foi até chamada
de "Pelé de saias". Por Pelé.
E, no torneio olímpico de Pequim, mostrou ainda uma nova
faceta: mais raçuda em campo,
está entre as campeãs da falta
de fair play. Mais agressiva,
mais reclamona, já soma dois
cartões amarelos -e safou-se
de ser expulsa na semifinal
contra a Alemanha após falta
violenta, o que a tiraria da final.
Segundo dados oficiais da Fifa, antes de Pequim a atacante
tinha 16 jogos pelo Brasil em
Mundiais ou Olimpíadas. E
nunca havia recebido cartão.
Segundo o serviço de estatísticas de Pequim-2008, é a terceira jogadora mais faltosa do
Brasil, com sete infrações, atrás
de Daniela Alves e Formiga. Bateu mais do que apanhou -sofreu seis faltas em cinco jogos.
Coincidência ou não, os resultados de Marta no ataque
também mudaram. De artilheira, hoje ela se notabiliza pelas
assistências às colegas.
Em 2007, ela marcou sete vezes em seis jogos no Mundial,
também na China. Agora, em
cinco partidas, soma três gols.
Apesar de ainda se dizer "engasgada" com a derrota na final
de Atenas, a jogadora promete
tranqüilidade no jogo de hoje.
"A gente vem mostrando
qualidade já há alguns anos, e
chegou a hora de conquistar
um título importante. Mas estamos relaxadas e muito concentradas", afirmou ontem,
pouco antes de uma atividade
recreativa no campo da Universidade de Esportes de Pequim.
"Na hora da descontração, a
gente brinca. Mas, na hora do
jogo, a gente joga."
Questionada sobre a intenção da técnica dos EUA, Pia
Sundhage, de concentrar a
marcação nela, em Cristiane e
em Daniela Alves, Marta provocou: "Se essa é a tática dela, o
pensamento dela, ótimo. Se ficar só nesses três nomes, ela vai
ter problemas. Não adianta falar de duas ou três aqui. O grupo todo é forte".
Com 22 anos, Marta deve ter
outras Olimpíadas pela frente.
Mas não quer deixar a chance
de a medalha de ouro passar.
"A gente não vem mostrando
serviço só agora, mas há muitos
anos. Os EUA não são tão diferentes da Noruega ou da Alemanha [vencidos na campanha
olímpica]. O grande segredo é
não errar passes, para não dar
chances a elas."
(FSX E PC)
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