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São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Com exceção de Corinthians, times mais fortes de São Paulo têm no banco de reservas comandantes com jeito de xerife

Técnicos ganham poder e ditam os planos

DA REPORTAGEM LOCAL

Em tempos de vacas magras, eles estão valorizados e comandam com pulso firme o planejamento dos principais clubes de São Paulo para o próximo ano.
Sem contar o Corinthians, onde Juninho tem pouca força nas decisões, os poderosos do Estado colocaram poder quase absoluto nas mãos de seus treinadores.
Eles indicam novos jogadores, interferem na renovação de contratos e detalham os planos para as pré-temporadas dos clubes.
Quem melhor representa a imagem do técnico superpoderoso é o santista Emerson Leão.
Há quase dois anos no cargo, ele tem liberdade para se reunir com cada jogador e negociar renovações. Com sua interferência, atletas que poderiam mudar de ares livremente no final do ano, como o zagueiro André Luís e o lateral-esquerdo Léo, já acertaram ou estão perto de definir suas permanências no clube do litoral de SP.
"O Leão participa das coisas, mas quem dá a última palavra sempre é o presidente", despista Francisco Lopes, diretor de futebol da agremiação santista.
O modelo do Santos vai ser seguido em 2004 por quase todos os seus principais adversários.
No Palmeiras, onde está em alta depois de conseguir o acesso à primeira divisão, Jair Picerni não vai mais ter que suportar situações como as desta temporada, quando não era consultado nas contratações do clube.
Tanto é assim que o atacante André, um dos reforços palmeirenses adquiridos sem o aval de Picerni, já foi dispensado.
No São Paulo, Cuca chegou com carta branca para indicar contratações. Dessa forma, o clube foi buscar três jogadores (Fabão, Danilo e Grafite) no Goiás, o ex-time do treinador paranaense.
Tite assinou um novo contrato no São Caetano e já trabalha para trazer jogadores com quem já trabalhou. O primeiro da lista deve ser o lateral-direito Ânderson Lima -os dois trabalharam juntos por quase três anos no Grêmio.
Os comandantes de Palmeiras, Santos, São Caetano e São Paulo têm liberdade também na parte disciplinar, afastando e punindo quem não andar na linha sem precisar consultar os dirigentes.
Os supertécnicos paulistas, ou ao menos a maioria deles, não se encaixam nos tetos salariais impostos pelos clubes. Leão, Picerni e Tite ganham mais que o máximo estabelecido para os jogadores que dirigem no Santos, no Palmeiras e no São Caetano.

Exceção
Enquanto seus rivais de Estado dão poder para os homens da prancheta, o Corinthians dá pouco espaço para Juninho.
No clube, quem define contratações e planos de longo prazo são três vice-presidentes e o diretor técnico Roberto Rivellino.
"As decisões do futebol do Corinthians são descentralizadas, mas o Juninho foi consultado nas contratações. Algumas foram indicadas por ele", diz Francisco Papaiordanou, vice de relações públicas do Corinthians, que atua no departamento de futebol.
Se no discurso dos cartolas Juninho, que até pouco tempo comandava o time de juniores do Corinthians, é prestigiado, no salário fica claro que ele não tem o mesmo status de outros treinadores do futebol paulista.
Seus ganhos mensais não chegam a R$ 40 mil, uma ninharia para os padrões dos poderosos paulistas -depois dele, quem menos ganha é o são-paulino Cuca, que recebe cerca de R$ 60 mil.
(PAULO COBOS E RICARDO PERRONE)


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