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OLIMPÍADA
Nanico, país no mar Mediterrâneo atrai atletas americanos e britânicos que buscam aclimatação para os Jogos
Chipre ofusca Grécia na "avant-première"
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A nata do esporte mundial iniciará sua aclimatação para a
Olimpíada já no mês que vem.
Às margens do Mediterrâneo,
sob um céu claro, clima quente e
seco, ouvindo grego pelas ruas.
Mas esqueça Atenas por enquanto. Em detrimento da Grécia, equipes dos EUA, da Rússia,
do Reino Unido e da Holanda, entre outras potências, escolheram o
Chipre para a preparação final aos
Jogos, que acontecem em agosto.
O minúsculo país, uma ilha com
pouco menos da metade da área
de Sergipe, receberá celebridades
como Marion Jones, Tim Montgomery, Dwain Chambers (atletismo), Pieter van den Hoogenband e Inge de Bruijn (natação).
"O Comitê Olímpico Britânico,
por exemplo, fez sua base aqui.
Pelo menos 500 britânicos, entre
atletas, técnicos e dirigentes, deverão passar por nossos campos
de treinamento até os Jogos", afirmou à Folha Yiannis Michaelides,
da LTV Sport, empresa integrante
do programa "Train in Cyprus"
(em inglês, treine no Chipre).
O projeto, que envolve o governo do país, é ambicioso. Pretende
aproveitar a situação para firmar
o Chipre como destino de atletas
também após os Jogos e, assim,
estabelecer um fluxo constante de
visitantes -atualmente, o turismo é sazonal, e hotéis chegam a
fechar as portas no inverno.
"Oferecemos uma série de vantagens. Por sermos um país turístico, temos uma boa infra-estrutura hoteleira, e a maioria da população sabe falar inglês. Ainda
estamos no mesmo fuso horário
de Atenas, com vôos para a Grécia
a toda hora. O clima, a língua local
e a cultura são idênticos. O atleta
que vier pra cá chegará aos Jogos
totalmente ambientado", disse
Michaelides, numa cantilena que
é destacada no site do programa
(www.trainincyprus.com) e que
é repetida pelos seus "clientes".
"Escolhemos o Chipre porque é
perto de Atenas e porque o clima
é o mesmo. Além disso, eles contam com boas instalações para
treinamento", declarou Philip Pope, assessor do comitê britânico.
"Nosso atletismo vai para o Chipre. Os dirigentes fizeram uma seleção rigorosa e descobriram que
o país será o local ideal para treinos. Fizemos aclimatações semelhantes nas últimas Olimpíadas e
tivemos sucesso", completou Bob
Condron, do comitê dos EUA.
A natação e o tênis da Holanda e
da Suécia, o atletismo, a esgrima e
o boxe da Rússia e equipes de outros 15 países, segundo os cipriotas, fizeram a mesma escolha.
Pelo tamanho reduzido e pela
tradição olímpica nula -jamais
conquistou uma medalha em Jogos-, a quantidade e a qualidade
das instalações esportivas do Chipre provocam surpresa.
O país possui 36 praças para
prática de esportes. O maior centro é Nicósia, capital do Chipre,
uma cidade de 230 mil habitantes
e que oferece 11 locais de treinamento para os atletas olímpicos.
O destaque é o complexo GSP,
com dois campos de futebol, duas
pistas de atletismo, três áreas para
treinamento de arremessos, salas
de imprensa, de fisioterapia, de
musculação e até um setor preparado para exames antidoping.
"E o melhor de tudo é que fugiremos da confusão de Atenas, que
estará correndo para finalizar as
obras para os Jogos. Será ótimo
escapar daquele trânsito caótico",
disse Pope, talvez revelando o
maior motivo para trocar a Grécia
pelo Chipre -além disso, o país
usa a mão inglesa (direção pelo lado direito). "Desde o início do
mês já temos nadadores em Paphos [cidade litorânea de 40 mil
habitantes, cercada de resorts]."
A idéia dos britânicos e dos
americanos é retardar o máximo
possível o envio dos atletas para a
Grécia. A viagem não seria nenhum problema: o vôo entre Nicósia e Atenas leva 90 minutos.
Assim, à Grécia caberá o evento
principal. Ao Chipre, a "avant-première". E, após séculos acompanhando os vizinhos construírem a história do esporte, o gostinho de "roubar" um pouco do
brilho dos seus Jogos Olímpicos.
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