São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2006

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Reservas dão a Scolari décima vitória

Recorde de triunfos seguidos em Copas, que pertence ao treinador, é ampliado com meio time trocado ante mexicanos

México teve grande chance de empatar, mas atacante Bravo jogou fora pênalti que pararia série do brasileiro, que agora pega a Holanda


GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A GELSENKIRCHEN

Omar Bravo teve tudo para dar fim à série mais vitoriosa de um técnico nas Copas.
Bastava acertar um pênalti para igualar o marcador do duelo entre Portugal x México e motivar seu time, àquela altura do jogo melhor em campo, a buscar uma histórica virada.
Só que o atacante errou feio. Aos 11min da etapa final, mandou a bola nas arquibancadas do Estádio de Gelsenkirchen. Festa de Luiz Felipe Scolari no banco de reservas.
Sua estrela brilhou mais uma vez. Mesmo poupando cinco titulares que estavam pendurados com cartões amarelos, o treinador fez Portugal segurar o 2 a 1 até o apito final.
É simplesmente o melhor início do país em Mundiais desde 1966, quando, capitaneada por Eusébio, a seleção terminou a competição em 3º lugar.
Naquela participação, o time triunfou nos três jogos iniciais, feito agora igualado pelo capitão Luis Figo e companhia.
São estatísticas que impressionam, mas talvez a mais impactante delas não esteja relacionada apenas a esta Copa.
A sofrida vitória de ontem foi a décima de Scolari, 58, em Mundiais. Antes, já tinha no currículo sete resultados positivos na invicta campanha do Brasil pentacampeão em 2002.
Nunca um técnico atingiu o segundo dígito na sua lista de jogos sem ter contabilizado um revés. "Dez vitórias é algo que marca a vida de qualquer um, e em especial a minha", diz.
Parecia que seria fácil alcançar a façanha, dada a facilidade que seu time encontrou para vencer a defesa mexicana no início do jogo. "Acho que fomos perfeitos nos primeiros 25 minutos", diz o técnico, ao se referir aos gols de Maniche (5min) e Simão Sabrosa (23min).
Só que o ritmo caiu. Os mexicanos, que corriam o risco de ficar fora da próxima fase em caso de vitória folgada de Angola, aproveitaram e diminuíram com Fonseca, ainda na etapa inaugural. A pressão começou, mas não perturbou Scolari.
"É claro que eu queria evitar os cartões, mas também queria mostrar aos reservas que eles podem de brigar por uma vaga."
Uma decisão dessas complicou ainda mais a vida de Ricardo Lavolpe, o técnico que estava do outro lado. Em atrito com a imprensa mexicana -chegou a jogar água em jornalistas durante um treino- ele agora também perdeu o apoio dos torcedores, inconformados com o placar obtido diante de uma seleção com reservas.
Ao mesmo tempo em que era chamado de "burro" por alguns mexicanos, Lavolpe tentava explicar o marcador. "Falhávamos sempre na bola decisiva, na hora de marcar. Isso é muito ruim. Precisamos melhorar para progredir na competição."
De fato, precisam. O próximo adversário é a temida Argentina, que aplicou a maior goleada do torneio até aqui (6 a 0 sobre Sérvia e Montenegro).
Aos portugueses, a Holanda, no domingo, e a chance de estender a façanha de seu técnico. Quando ia para o ônibus da equipe, foi indagado sobre quando a série de triunfos iria terminar. "Na 14ª, aí dá para parar." É exatamente o que falta para o título.


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