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NATAÇÃO
Sem cair na água ontem, teen iguala ginasta como o mais premiado numa Olimpíada
Phelps vê da arquibancada seu feito histórico de 8 pódios
DOS ENVIADOS A ATENAS
Nunca houve um nadador tão
versátil. Ninguém teve tanto fôlego para alcançar oito medalhas
nas piscinas. Nenhum outro astro
da modalidade subiu tantas vezes
ao pódio em eventos individuais.
A trajetória que Michael Phelps
construiu em Atenas representaria uma consagração, não fosse
uma aposta que o norte-americano propalou antes dos Jogos.
Agora, com seis ouros e dois
bronzes no peito, ele volta para
casa com a pecha de fracassado.
A razão? Não igualou os sete ouros que Mark Spitz registrou na
Olimpíada de Munique-1972.
Sua coleção foi completada ontem. E sem cair na piscina. Os
EUA venceram o revezamento 4 x
100 m medley com dois recordes
mundiais -Aaron Peirsol fez
53s45 nos 100 m costas e a equipe
marcou 3min30s68. Phelps não
nadou a final. Como havia representado o país nas eliminatórias,
também recebeu a medalha.
A performance é única na história. Ele conquistou cinco medalhas sem ajuda dos colegas
-Spitz levou quatro pódios individuais- e se igualou ao ginasta
russo Alexander Dityatin como o
mais premiado numa Olimpíada.
Em 1972, os revezamentos dos
EUA eram imbatíveis. Em Atenas,
a Áfria do Sul levou o 4 x 100 m livre. Grosso modo, Phelps não podia contar com os companheiros
como seu antecessor.
Além disso, Spitz realizou seu
garimpo nadando apenas dois estilos da natação -borboleta e
crawl. O norte-americano de 19
anos competiu nos quatro.
Em Atenas, Phelps levou ouro
nos 100 m borboleta, nos 200 m e
400 m medley, nos 200 m borboleta, no 4 x 200 m livre e no 4 x 100
m medley. Ficou com o bronze no
4 x 100 m livre e os 200 m livre.
"Só de tentar alcançar um mito
como ele já me sinto honrado. Foi
uma competição boa demais."
O conselho mais enfático que
recebeu na competição veio de
Ian Thorpe, que o bateu nos 200
m livre. "O Phelps é muito, muito
bom. Mas ninguém pode alcançar
Spitz", disse o Thorpedo.
A conclusão é óbvia: Phelps certamente é o mais talentoso e versátil atleta da história da natação.
Mas, nos livros de história, sempre vai existir o homem que uma
vez ganhou sete ouros.
Um mito ajudado também pelas circunstâncias históricas: Spitz
era um judeu que estava para entrar na Vila Olímpica quando um
grupo de terroristas palestinos invadiu o local para seqüestrar israelenses e protagonizar a maior
tragédia da história dos Jogos, que
deixou um rastro de 11 mortos.
"É algo que eu nunca havia experimentado. Todo artigo de jornal trazia escrito "sete medalhas
de ouro" e "Mark Spitz". Eu ainda
sou um cara normal de 19 anos
depois disso. Mas as coisas mudaram, acho que eu mudei. Há muita coisa passando pela minha cabeça", afirmou.
(GUILHERME ROSEGUINI E ROBERTO DIAS)
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