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FUTEBOL
4-3-2-1...
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
E squeça as velhas pranchetas, os esquemas triviais e
prepare-se para um novo mundo.
"Treinamos muito o 3-4-1-2,
mas com a variante de ficarmos
com um 3-3-2-2, com a entrada
de Juninho Paulista... e também
podemos ficar com um 3-3-3-1."
O trecho acima, que figura na
página 55 do livro ""Felipão: A Alma do Penta", lançado na última
quinta-feira em São Paulo, ilustra bem como os sistemas táticos
foram esmiuçados neste século.
""Nunca usei o 3-5-2", disse o
técnico Luiz Felipe Scolari à coluna. Mais interessado do que nunca no futebol internacional, o
treinador do penta assumiu de
vez nomenclaturas que estavam
restritas mais a alguns países da
Europa e aos membros de uma
comissão de experts em táticas
montadas pela Fifa na Copa.
4-2-1-3, 3-3-2-2, 5-2-2-1, 4-3-2-1,
3-4-2-1, 5-3-1-1, 4-3-1-2, 3-5-1-1, 4-4-1-1, 3-3-3-1, 4-1-4-1, 3-4-1-2, 4-2-3-1. Deve estar impossível de ler/
entender isso tudo, mas relatório
da Fifa sobre o Mundial divulgado anteontem mostra que 12 esquemas táticos foram usados na
Copa (neste parágrafo tem 13).
Curiosamente, Joseph Blatter,
presidente da Fifa que não entende lá essas coisas de futebol, abre
o relatório dizendo que não houve novidades táticas no Mundial.
Na verdade, o que acontece é
uma fragmentação ou pequena
variação de esquemas bem conhecidos, como o 4-4-2 e o 3-5-2.
Pega-se, por exemplo, os cinco do
meio-campo do 3-5-2 e forma-se
um 3-2, 4-1, 1-4 ou 2-3 no setor.
No final do século passado, Zagallo, rotulado sempre como antiquado, causou certo barulho ao
propagandear a figura do 1 na seleção brasileira (o 1, potencialmente Rivaldo, liga o meio-campo ao ataque, não pertencendo,
portanto, a esses dois setores).
A discussão tática não avançou
muito aqui, mas na Itália, por
exemplo, Fabio Capello tornou
famoso (ou pelo menos elogioso)
o 3-4-1-2 ao tirar a Roma da fila.
Tal esquema virou uma moda lá.
Sem propagandear o livro de
Scolari, mas usando-o mais uma
vez, o ex-técnico da seleção (e possível treinador de outra equipe
em 2006... México? Paraguai??
Uruguai???) mostra na página 62
o 3-3-2-2 montado para a estréia
contra a Turquia (com Cafu e Roberto Carlos em linha com Gilberto Silva e as duplas Juninho/Ronaldinho e Rivaldo/Ronaldo à
frente), mas trata na página 76 do
3-3-3-1 que iniciou a Copa (Rivaldo recua para formar uma terceira linha de três atletas no campo).
Coisa simples perto do que a Fifa e seu comitê de experts em táticas (Carlos Alberto Parreira é de
longe o mais ilustre do grupo)
destaca no relatório da máxima
entidade do futebol sobre a Copa.
A Dinamarca basicamente
usou o 4-2-3-1, mas no jogo-chave
com a França triunfou com o inovador 4-1-4-1. A Argentina variou
seu 3-3-3-1 (""ataque diamante")
para o 3-4-2-1, mas nada adiantou. O Japão se armou no 3-5-1-1,
mas acabou usando o 3-4-1-2, como o México (e a Alemanha na final, o que surpreendeu o Brasil).
Espanha, Itália e EUA foram de
4-4-1-1 (a Bélgica optou por esse
poucos minutos). A sensação Senegal, então, escolheu um esquema bem fácil de decorar: 4-3-2-1.
Como é muita informação nova, foram mostrados só esquemas
com quatro dígitos, uma tendência (o 5-4-1 com variação para o
5-2-3 que o Brasil teria adotado,
segundo a Fifa, fica para outro
dia). Tão simples quanto Scolari,
o futebol está ficando complicado.
Luiz Felipe Scolari
Na página 84 de seu livro, a "alma do penta" cita o 3-4-1-1 (????).
Bom, o trecho fala do jogo contra a Inglaterra, quando o Brasil ficou com um jogador a menos. Tudo pode ser mais complicado.
Telê Santana
Sem propagandear programa de televisão, o "mestre" é esperado
na Record hoje à noite para um debate esportivo.
Rinus Michels
O "gênio" do carrossel holandês não costumava usar nomenclaturas. O esquema revolucionário da Holanda de 74 é colocado no papel como 4-3-3, mas não pode ser 1-1-1-1-1-1-1-1-1-1 ou só 10?
Louis van Gaal
O "gênio" que deixou a Holanda fora da Copa deste ano tem uma
prancheta na mão e um monte de idéias (????) na cabeça.
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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