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Portugal fecha ano sob suspeitas
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O que aconteceu no futebol brasileiro deve ocorrer no português.
Não, não se trata de Luiz Felipe
Scolari, que, depois de ter obtido
o penta com o Brasil, sonha em levantar a Eurocopa com Portugal.
A questão é outra e pode ser resumida em uma palavra: corrupção. O Ministério Público português resolveu pedir uma investigação sobre denúncias de irregularidades no futebol do país.
Relatório de Maria José Morgado, que chefiou a Direção Central
de Investigação de Corrupção e
de Criminalidade Econômico-Financeira, apontou que "o futebol
é um mundo de lavagem de dinheiro sujo com promiscuidades
políticas que não se sabe onde começam e onde acabam".
No último domingo, Pimenta
Machado, presidente do Vitória
de Guimarães, foi detido depois
de ter sido denunciado por crimes
de peculato e falsificação de documentos. Na segunda, foi libertado
após pagar fiança de 1 milhão.
O dirigente foi acusado de apropriação de dinheiro de transferências de atletas do clube.
Além da contabilidade da equipe de Pimenta Machado, estão
sendo investigadas as de pelo menos outros seis clubes da primeira
divisão, entre eles o Benfica, envolvido em três casos de corrupção nos últimos cinco anos.
Parte dos recursos da transferência de atletas do clube teria parado em paraísos fiscais. Dois dirigentes são investigados sob acusação de lavagem de dinheiro,
evasão de divisas, apropriação indébita e sonegação fiscal.
A arbitragem portuguesa também não está livre de acusações.
Três juízes que apitam no país são
suspeitos de terem recebido dinheiro para fabricar resultados.
A posição da federação portuguesa é parecida com a da Confederação Brasileira de Futebol
quando foi investigada pelas CPIs
no Congresso que apuraram irregularidades no futebol nacional.
A entidade diz que os clubes são
instituições privadas e que caberia a ela e à Fifa, entidade máxima
do futebol, investigá-las, e não a
políticos, ao governo ou ao Ministério Público. O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Valentim Loureiro, ameaçou suspender o campeonato se o
Ministério Público não esclarecer
quais clubes está investigando.
Segundo o departamento de comunicação da federação portuguesa, "o relatório [de Maria José Morgado] é muito grave, mas a direção [da entidade que comanda o futebol no país] não entendeu de onde ela tirou as informações para concluir que o principal esporte português virou uma fábrica de lavagem de dinheiro".
Para a cúpula da federação, trata-se de um movimento de "pessoas contrárias à candidatura portuguesa para a Eurocopa".
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