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FUTEBOL
A Mãe de Todas as Batalhas
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A guerra não leva a nada,
mas no Iraque levou ao menos a um disputado torneio: a
Mãe de Todas as Batalhas.
Não é brincadeira. Em 1991, ano
em que teve início a Guerra do
Golfo, começou também a Umm
Al-Maarak Cup (Copa Mãe de
Todas as Batalhas). Saddam Hussein chamou dessa forma aquele
conflito com os EUA. E, como
amante do futebol (ele curte bem
mais o esporte que George W.
Bush), chamou assim também a
mais quente das competições do
país (o único torneio que apareceu no calendário iraquiano depois da Mother of All Battles Cup
foi a Supercopa do Iraque, uma
disputa de apenas dois times).
A Mãe de Todas as Batalhas
reúne anualmente os times mais
bem colocados da liga iraquiana,
que, diferentemente do que muita
gente imagina, foi jogada em todos os anos da década de 90.
O futebol nunca foi paralisado,
de verdade, no Iraque. Em 1985,
na metade do sangrento conflito
com o vizinho Irã, o torneio nacional foi abandonado. Motivo?
Os torcedores do país estavam eufóricos com a campanha da seleção nas eliminatórias do Mundial
e com as conquistas da Copa da
Arábia e dos Jogos Pan-Arábicos.
Entrevista recente do técnico
brasileiro Jorge Vieira, que dirigiu o Iraque com sucesso rumo à
Copa de 1986, ganhou repercussão por ter mostrado como Saddam Hussein faz uso de sua "espingarda" em situações festivas.
Mas o relato de Vieira expôs mais
como Saddam gosta de futebol.
E isso foi provado de novo agora. Pelo Pré-Olímpico da Ásia, a
seleção iraquiana jogaria contra
o Vietnã (jogo para soldado americano nenhum botar defeito) em
Bagdá. A Fifa (sempre preocupada com a paz e em manter partidas e competições no Oriente Médio em época de guerra) não brecou a ida do jogo para Damasco,
na Síria, onde a situação é mais
tranquila. Esperava-se que Saddam fosse recrutar seus atletas,
mas ele (ou alguém falando por
ele) liberou todos para o jogo. Pode até ser que o Iraque perca e esses atletas acabem, como punição, na linha de frente das tropas,
mas eles terão a chance de "viver"
a Olimpíada de Atenas, em 2004.
Pelas informações que chegam
do Iraque, Saddam teria não só liberado os jogadores da seleção,
mas também estaria apostando
na classificação. A confiança vinha do fato de os atletas estarem
concentrados, em um bunker, e
com suprimento suficiente até a
data do confronto com o Vietnã
(a Fifa não falou em adiar o jogo,
ainda marcado para 5 de abril).
É só o começo de uma campanha no Pré-Olímpico, mas o sonho do país continua vivo. O técnico da equipe, o alemão Bernd
Stange, já pulou fora do barco, seguindo orientações de sua embaixada e, certamente, de sua família, mas deu força aos comandados. "Peço a Deus que proteja a todos e a seus familiares", diz carta do treinador para seus atletas.
Uday Hussein, um dos filhos de
Saddam, dirige a federação de futebol iraquiana. Ele já pode estar
morto agora (o pai também), mas
mesmo que os EUA tomem todo o
país, dificilmente os iraquianos
trocarão o futebol pelo Los Angeles Lakers ou pelo Super Bowl.
A mãe de todos os rankings
A 3ª lista dos brasileiros da Conmebol: Cruzeiro (536 pontos), São
Paulo (510), Grêmio (381), Santos (311), Palmeiras (310), Flamengo
(310), Vasco (176), Atlético-MG (140), Corinthians (89), Inter (83),
Botafogo (83), Guarani (37), São Caetano (35), Fluminense (26), Bahia (25), Bangu (10), Coritiba (10), Criciúma (10), CSA (10), Atlético-PR (8), Bragantino (8), Náutico (5), Vitória (5), Sampaio Corrêa (5),
São Raimundo (5), Sport (3), Juventude (3), Paraná (3), Ceará (2),
Lusa (2), Rio Branco-AC (2), América-RN (2) e Vila Nova-GO (2)
-o Botafogo continua fora da Sul-Americana. Os argentinos: Independiente (851), Boca (672), River (639), Estudiantes (377), Racing
(263), Vélez (245), San Lorenzo (160), Argentinos Jrs (138), Rosario
(133), Newell's (75), Lanús (27), Huracán (24), Talleres (23), Ferro
Carril (20), Colon (15), Gimnasia (14), Quilmes (10) e Español (5).
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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