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Pressão dos europeus restringe seleção
Ofensiva dos clubes reduz jogadores e treinos do Brasil
PAULO GALDIERI
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A disputa em relação à liberação de jogadores para Pequim
mostra o crescimento do boicote de clubes europeus aos times
nacionais que tem reduzido o
número de jogadores disponíveis e tempo de treinos do Brasil a cada competição.
Sem Robinho e Kaká, a seleção olímpica se apresentou ontem em Paris para os Jogos. De
lá, viajaria para Cingapura, onde fará a adaptação ao fuso horário. Assim, o time ficará 16
dias junto, menor período de
preparação dos últimos três Jogos que o Brasil disputou.
Explica-se: a pressão dos times europeus resultou em evolução das normas da Fifa em favor deles, tirando atletas e tempo das seleções nacionais.
Os clubes ainda tentam avanços na esfera judicial. Werder
Bremen e Schalke 04 prometem ir à Corte de Arbitragem do
Esporte para questionar a presença do meia Diego e do lateral Rafinha na Olimpíada.
Contra a ordem dos times,
eles se apresentaram à seleção.
Estão amparados em determinação da Fifa que obrigava os
clubes a ceder atletas até 23
anos. "Nós escrevemos para a
CBF e para o COI para pedir
que o Rafinha não jogue", contra-atacou o gerente-geral do
Schalke 04, Andreas Müller.
O Milan já tinha vetado Kaká,
o Real Madrid, Robinho, e a Roma, Juan. Todos acima de 23
anos e, portanto, não amparados por norma da Fifa. Ronaldinho era barrado pelo Barcelona
até se transferir para o Milan.
"A gente sabia que isso [Robinho] ia acontecer. E não podemos convocar ninguém fora da
lista de 40 [pré-lista]", afirmou
Dunga, irritado, anteontem,
antes de embarcar à Europa.
Em Atlanta-96, o técnico Zagallo tinha três atletas acima de
23 anos. Disputou amistosos
internacionais -Dunga só jogou contra times locais- e teve
19 dias da equipe reunida, contra os 16 do atual técnico.
Em Sydney-00, com Vanderlei Luxemburgo, também houve preparação maior (17 dias).
Mais uma vez, a seleção teve
oportunidade de jogar, pelo
menos três vezes, contra outros
times nacionais. Os jogadores
acima de 23 anos só não foram
aos Jogos por decisão da CBF.
Para a Copa, há a obrigação
de liberação com 14 dias de antecedência. Mas o tempo de
preparação tem caído. Nos
EUA, em 1994, foram 34 dias, a
partir da apresentação. Nos últimos dois Mundiais, 21 dias.
O número de amistosos caiu
graças a mudanças nas normas
da Fifa, que só obrigam liberação em datas "oficiais" e em jogos no continente do clube.
Mais: os times conseguiram
que a Fifa pagasse indenização
a eles pelo uso de seus atletas
nos Mundiais e em Eurocopas.
No acordo, os clubes ainda
pediram consolidação das regras de liberação de atletas aos
times nacionais. Ou seja, querem restringir a permanência
dos jogadores nas seleções.
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