São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2006

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Copa 2006

Parreira fica irritado com assédio de torcedores e afirma que pode proibir público de assistir aos treinos

Supervisor Américo Faria diz que gramado do estádio em que o time treina a partir de hoje preocupa e pode fazer elenco ir para outra cidade


Brasil já ameaça tirar time de Weggis

DOS ENVIADOS A WEGGIS

O técnico Carlos Alberto Parreira expôs ontem, pela primeira vez, descontentamento com as condições da equipe na Suíça. Pouco antes de os promotores inaugurarem o pequeno estádio, onde a partir de hoje o elenco começa a treinar, ele chegou a ameaçar tirar o time do campo caso a torcida de Weggis atrapalhe os atletas.
"Se [a festa] atingir um nível que não atrapalhe, vamos manter o público presente. Caso contrário, a gente interrompe. Tenham certeza disso", disse ele, em entrevista coletiva.
Os promotores da seleção na cidade vão lotar o estádio, que tem capacidade para 5.000 pessoas, nos 14 treinos marcados por Parreira na cidade. Todos os ingressos já foram vendidos. O mais caros custaram 20 francos suíços (cerca de R$ 38).
A delegação desembarcou anteontem na Suíça. Além de Parreira, outros integrantes da comissão técnica, apesar do discurso oficial de que tudo funciona bem, colocaram em dúvida a estrutura oferecida.
O supervisor Américo Faria disse que o gramado preocupa e não descartou a possibilidade de o time não treinar na cidade. Dois campos já foram selecionados pela comissão técnica. Faria não informou os locais.
O gramado está fofo pelo excesso de chuva dos últimos dias. A grama, importada da Alemanha, foi recém plantada.
No início do ano, a Attaro/ Kentaro fechou contrato com a CBF para abrigar em Weggis a seleção. Por isto, a empresa vai investir cerca de US$ 2 milhões entre pagamento de despesas e cachê (a maior fatia do bolo).
"Só temos tranqüilidade no hotel. Aqui, com esse batalhão de jornalistas e 3.000 torcedores nas arquibancadas, não", comentou o treinador.
Nos últimos dias, a pequena cidade suíça teve a sua rotina modificada por causa da chegada da seleção. Ontem, cerca de mil pessoas participaram da festa de inauguração do estádio. A população oficial de Weggis é de 3.953 habitantes.
Zagallo, coordenador técnico da seleção, foi outro que censurou a badalação. "O único que está tranqüilo aqui é o Santo Antônio", disse ele, exibindo a imagem do santo. Nas ruas de Weggis, centenas de pessoas usam camisas do Brasil ou com as cores verde e amarela.
O diretor financeiro do comitê de organização, Kaspar Gügler, ficou surpreso com a reação da comissão técnica e disse que os torcedores não serão "calados" pelos organizadores.
"Faremos um bela festa de boas-vindas para os jogadores."
O suíço se recusou a informar se a CBF pagará multa, caso Parreira decida mudar o local de treino. "Estou certo de que isso não irá acontecer." Segundo a CBF, a responsabilidade de ressarcimento em caso de uma proibição de Parreira à torcida é da empresa. (PAULO COBOS, RICARDO PERRONE, SÉRGIO RANGEL E EDUARDO VIEIRA DA COSTA)


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