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Copa 2006
Parreira fica irritado com assédio de torcedores e afirma que pode proibir público de assistir aos treinos
Supervisor Américo Faria diz que gramado do estádio em que o time treina a partir de hoje preocupa e pode fazer elenco ir para outra cidade
Brasil já ameaça tirar time de Weggis
DOS ENVIADOS A WEGGIS
O técnico Carlos Alberto Parreira expôs ontem, pela primeira vez, descontentamento com
as condições da equipe na Suíça. Pouco antes de os promotores inaugurarem o pequeno estádio, onde a partir de hoje o
elenco começa a treinar, ele
chegou a ameaçar tirar o time
do campo caso a torcida de
Weggis atrapalhe os atletas.
"Se [a festa] atingir um nível
que não atrapalhe, vamos manter o público presente. Caso
contrário, a gente interrompe.
Tenham certeza disso", disse
ele, em entrevista coletiva.
Os promotores da seleção na
cidade vão lotar o estádio, que
tem capacidade para 5.000 pessoas, nos 14 treinos marcados
por Parreira na cidade. Todos
os ingressos já foram vendidos.
O mais caros custaram 20 francos suíços (cerca de R$ 38).
A delegação desembarcou
anteontem na Suíça. Além de
Parreira, outros integrantes da
comissão técnica, apesar do
discurso oficial de que tudo
funciona bem, colocaram em
dúvida a estrutura oferecida.
O supervisor Américo Faria
disse que o gramado preocupa e
não descartou a possibilidade
de o time não treinar na cidade.
Dois campos já foram selecionados pela comissão técnica.
Faria não informou os locais.
O gramado está fofo pelo excesso de chuva dos últimos
dias. A grama, importada da
Alemanha, foi recém plantada.
No início do ano, a Attaro/
Kentaro fechou contrato com a
CBF para abrigar em Weggis a
seleção. Por isto, a empresa vai
investir cerca de US$ 2 milhões
entre pagamento de despesas e
cachê (a maior fatia do bolo).
"Só temos tranqüilidade no
hotel. Aqui, com esse batalhão
de jornalistas e 3.000 torcedores nas arquibancadas, não",
comentou o treinador.
Nos últimos dias, a pequena
cidade suíça teve a sua rotina
modificada por causa da chegada da seleção. Ontem, cerca de
mil pessoas participaram da
festa de inauguração do estádio. A população oficial de
Weggis é de 3.953 habitantes.
Zagallo, coordenador técnico
da seleção, foi outro que censurou a badalação. "O único que
está tranqüilo aqui é o Santo
Antônio", disse ele, exibindo a
imagem do santo. Nas ruas de
Weggis, centenas de pessoas
usam camisas do Brasil ou com
as cores verde e amarela.
O diretor financeiro do comitê de organização, Kaspar Gügler, ficou surpreso com a reação da comissão técnica e disse
que os torcedores não serão
"calados" pelos organizadores.
"Faremos um bela festa de
boas-vindas para os jogadores."
O suíço se recusou a informar
se a CBF pagará multa, caso
Parreira decida mudar o local
de treino. "Estou certo de que
isso não irá acontecer." Segundo a CBF, a responsabilidade de
ressarcimento em caso de uma
proibição de Parreira à torcida
é da empresa.
(PAULO COBOS, RICARDO PERRONE, SÉRGIO RANGEL E EDUARDO VIEIRA DA COSTA)
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