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é doping?
Viagra turbina, também no esporte
Remédio contra disfunção erétil tem sido usado para melhorar a performance atlética e gera monitoramento da Wada
Agência afirma não haver um estudo conclusivo para
apontar substância como proibida, mas há indícios de
ajuda em grandes altitudes
ADALBERTO LEISTER FILHO
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A droga que ajudou milhões
de pessoas a melhorar sua performance na cama pode estar
auxiliando agora alguns atletas
a se superarem. No esporte.
O Viagra é o novo alvo dos
controles antidoping. Surgida
há dez anos, a pílula azul tem sido utilizada por atletas de diversas modalidades, como beisebol, ciclismo e alpinismo.
"Ela melhora a irrigação sangüínea para os músculos", afirmou à Folha Don Catlin, coordenador do Laboratório Antidoping da Ucla (Universidade
da Califórnia em Los Angeles).
"Cada vez que há a apreensão
de drogas proibidas [no esporte], pode ter certeza de que
também é encontrado Viagra."
Foi Catlin quem, há cinco
anos, revelou a existência do
THG, esteróide anabólico concebido especialmente para
fraudar testes. O escândalo gerado por sua descoberta detonou a maior crise da história do
atletismo norte-americano.
Victor Conte, dono do Balco,
laboratório que produzia o
THG, conta que o uso de Viagra
está disseminado nos EUA.
"Todos meus atletas tomaram. É melhor do que a creatina", afirma ele, cuja empresa
fornecia drogas para competidores de atletismo, ciclismo,
beisebol e futebol americano.
Apesar das evidências, porém, Catlin não defende o banimento do remédio no esporte.
"Sou contra a proibição até
que haja estudo mais aprofundados da Wada [Agência Mundial Antidoping] sobre o tema."
As pesquisas são embrionárias, mas já existe um estudo no
ciclismo que concluiu que o
Viagra auxilia o desempenho
do atleta em altas altitudes.
A droga passou a ser usada
por competidores nas etapas
de montanha de provas desgastantes de estrada, como a Volta
da França e a da Espanha.
Mas foi no Giro da Itália, em
maio, que ocorreu a primeira
punição por posse de Viagra.
Andrea Moretta foi suspenso
da equipe Gerolsteiner após a
polícia descobrir, no carro do
pai do ciclista, 82 pílulas de
Viagra, além de seringas dentro
de tubos de pasta de dente.
Integrante do estafe do controle de dopagem comandado
pelo médico Eduardo de Rose,
Alexandre Veli Nunes, professor da Universidade Federal do
RS, relata outro emprego do remédio. "Nos Jogos [de Inverno] de Turim-2006, controladores comentaram que muitos
alpinistas que escalam o Everest sem auxílio de cilindros de
oxigênio têm usado Viagra."
Recentemente, a Wada decidiu financiar uma pesquisa que
estuda se o medicamento é capaz de aliviar sintomas respiratórios de atletas que irão competir em ambientes poluídos.
As conclusões iniciais apontam para um "sim" como resposta: "Há melhora profunda
na pressão da artéria pulmonar, no bombeamento do coração e na capacidade de se exercitar com pouco oxigênio".
Tais conclusões podem conduzir o Viagra para a lista de
substâncias proibidas. Contudo essa alteração só começaria
a valer a partir do ano que vem.
Ou seja, na Olimpíada de Pequim -cidade que é conhecida
pela má qualidade do ar-, é
possível que competidores
usem o Viagra para ganho de
performance esportiva.
Apesar do risco de uma
"fraude legal", a Wada desconversa sobre o assunto. Questionada, a entidade afirma que
não há estudos conclusivos.
"A Wada está ciente de que
há muitos estudos sobre o uso
do sildenafil [princípio ativo do
Viagra] em altas altitudes",
afirma Frédéric Donzé, gerente de comunicações da Wada.
"Monitoramos a droga, como
muitas outras, e financiamos
investigação sobre a melhora
de performance com o sildenafil em várias altitudes. Mas este
estudo está em curso."
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