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China cria áreas para protestos
Governo permite manifestações em três pontos de Pequim, mas exige pedido de autorização prévia
"Protestódromos" estão a
pelo menos 15 km da Vila
Olímpica; dirigente diz que
medida servirá para polícia
proteger direito dos cidadãos
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Depois de determinar como
os torcedores chineses devem
gesticular e o que gritar nos estádios da Olimpíada, o governo
chinês inova uma vez mais e
lança os "protestódromos".
Em entrevista coletiva ontem, o diretor de segurança do
comitê organizador dos Jogos,
Liu Shaowu, disse que três parques da cidade terão áreas reservadas para manifestações.
Os ativistas que quiserem protestar terão que ir a uma delegacia pedir autorização.
Se conseguirem sair livres e
com permissão, poderão dar
vazão às críticas habituais pelo
desrespeito aos direitos humanos, repressão no Tibete, apoio
aos regimes do Sudão e do Zimbábue, e os estragos no meio
ambiente. Os parques ficam a
15 km da Vila Olímpica.
Estão proibidos protestos
dentro e perto de qualquer instalação olímpica. "Se eles pedem autorização de acordo
com a lei e o protesto é aprovado, a polícia chinesa pode proteger o direito dos cidadãos",
declarou Liu Shaowu.
Durante décadas o Partido
Comunista teve o poder de determinar onde os chineses podem morar, trabalhar, estudar
e se podem viajar ou não ao exterior. Agora quer colocar ordem na dissidência, ainda que é
improvável que os locais se arrisquem nos protestos. Na ditadura chinesa, ativistas pró-direitos humanos e ambientalistas costumam parar na cadeia.
Nos últimos meses, vários
blogueiros que criticaram o
desrespeito aos direitos humanos na China foram presos
após escrever textos críticos.
Liu não especificou os requisitos necessários para a concessão dos "alvarás de protesto",
nem se haverá temas tabus.
Torcedores e atletas estão
proibidos de usar camisetas ou
faixas com mensagens políticas
dentro dos estádios, como as
que pedem a independência do
Tibete, Província ocupada pela
China desde 1950.
Bandeiras de países que não
participem dos Jogos estão
proibidas, outra medida que
impede a presença de bandeiras tibetanas nos estádios.
"Durante a Olimpíada, nós
vamos garantir um trânsito
fluído, um bom ambiente e
uma boa ordem social ao redor
de cada área de competições",
afirmou Liu Shaowu.
Dissidentes ouvidos pela Folha disseram que há muito temor entre cidadãos chineses de
realizar qualquer protesto.
O comitê organizador anunciou que 110 mil homens, entre
soldados e policiais, serão responsáveis pela segurança da capital chinesa. Grades e cercas
foram instaladas ao redor de
todas as instalações olímpicas e
dos principais hotéis que abrigarão autoridades. Durante a
cerimônia de abertura dos Jogos, no dia 8, o tráfego aéreo na
cidade será paralisado.
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