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Amarelo ouro
EDGARD ALVES
MARIANA LAJOLO
ENVIADOS ESPECIAIS A PEQUIM
A chegada à final já era o
maior feito da história do vôlei
feminino nacional. Mas as jogadoras sabiam que podiam, e
precisavam, ir mais longe. Não
desperdiçaram a chance.
Favorita, muito bem preparada e com uma campanha impecável, a seleção brasileira
derrotou os EUA por 3 sets a 1
(25/15, 18/25, 25/13 e 25/21) e
novamente fez história.
No banco de reservas, José
Roberto Guimarães se tornou o
primeiro treinador no vôlei a
triunfar com homens e mulheres nos Jogos Olímpicos.
E, após festejar abraçado às
atletas, deu o recado: "A cor da
nossa medalha é amarela, sim,
mas é amarelo de ouro".
Além de atingir os feitos inéditos, com a vitória de ontem, a
seleção feminina apaga, enfim,
a fama de "amarelar" em momentos decisivos.
Em Atenas-2004, com metade do grupo campeão ontem, a
equipe caiu na semifinal, após
desperdiçar sete match points.
No Mundial-2006, foi superada
na final ante as russas. No Pan-2007, perdeu o ouro para Cuba.
Desde então, a seleção intensificou o trabalho psicológico
com as atletas. Sâmia Hallage,
das categorias de base do vôlei,
entrou em cena. No Grand
Prix-2008, pouco antes dos Jogos, a seleção, tranqüila e determinada, foi campeã. A pedido
do grupo, Sâmia foi a Pequim.
"Muitas das críticas que recebemos foram porque merecemos, porque o time não conseguia fechar algumas partidas.
Mas aquilo doía na gente. Eu
sabia que o time tinha caráter,
brio, garra e que podia ganhar
de qualquer um, mas [as derrotas] aconteceram. O que importa é que tudo vai passar, e essa
medalha vai ficar na história",
afirmou Zé Roberto. "Tirei não
sei quantos quilos das costas."
Desde que chegaram à capital chinesa, as atletas repetiram
sempre o discurso de que estavam confiantes no trabalho
realizado. Em todas as partidas,
mostraram estar no auge físico,
técnico e tático. Foram à final
sem perder um único set.
Ontem, tiveram dificuldade
em alguns momentos, em especial no segundo set, quando sofreram com o saque das adversárias. O time, no entanto, soube reagir sob pressão e fechou
os dois sets seguintes sem encontrar muitos obstáculos.
A inédita medalha de ouro
marca a despedida da levantadora e capitã Fofão, 38.
Ela, que ficou anos à sombra
de Fernanda Venturini, foi, na
quadra, o cérebro de uma equipe jovem e renovada. Do lado
de fora, foi a conselheira, fundamental na campanha em Pequim. A líder de uma geração
que, depois de tropeços e dores,
mostrou que conhece, sim, o
caminho para vencer.
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