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Patrulha
GOVERNO CHINÊS PROMOVE "FAXINA" EM PEQUIM PARA TIRAR OS
ATIVISTAS
DA CIDADE DURANTE A REALIZAÇÃO DOS JOGOS, EM FORMA DE PEDIDO OU PRISÃO ,
E ENCHE PRAÇA DA PAZ COM PLANTAS E ESCULTURAS PARA EVITAR PROTESTOS
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Pequim vive dias tranqüilos
de cidadezinha suíça. Não são
vistos grandes protestos sobre
Tibete, destruição do ambiente, desigualdade social ou desrespeito aos direitos humanos.
A calmaria olímpica foi obtida graças a uma caça a qualquer
crítico da ditadura chinesa. Há
pelo menos 30 em prisão domiciliar durante os Jogos (800 foram presos no último ano).
A polícia chinesa foi à casa de
diversos ativistas nas semanas
anteriores à Olimpíada pedindo que eles saíssem da capital.
Exílio voluntário ou prisão.
É o que aconteceu com o advogado Teng Biao, 34. Após várias visitas de policiais, Teng foi
no início do mês para a sua cidade-natal, na Província de Jilin, a 900 km de Pequim.
Ele já foi preso quatro vezes.
A última, em março, por 41 horas. "Você pode ficar preso por
cinco anos pelas coisas que escreve", a polícia advertiu. Em
maio, após se oferecer como
advogado de defesa para manifestantes presos em protestos
no Tibete, sua licença profissional não foi renovada. "Continuo advogando, mas não posso
cobrar honorários e tenho algumas limitações no dia-a-dia."
Ele diz que seu telefone fixo,
o celular e o e-mail são monitorados pelo governo. Seu mais
famoso cliente, o blogueiro Hu
Jia, que defende os direitos dos
soropositivos, foi condenado a
três anos e meio de prisão, após
escrever um artigo dizendo que
a China precisava mais de direitos humanos que da Olimpíada.
Outro que saiu da cidade é o
diretor da ONG Yirenping, que
luta pelos direitos de portadores do vírus da hepatite B. Lu
Jun deixou Pequim em julho e
só pensa em voltar na semana
que vem. "Há pelo menos 20
leis discriminatórias contra
portadores. Não podemos ser
professores nem policiais."
"Não me considero um dissidente. Só luto pelos direitos do
grupo ao qual pertenço. Mas isso já é muito na China", diz. Sua
namorada o deixou "pois é perigoso criticar o governo".
Com a oposição devidamente
neutralizada, os "protestódromos" permaneceram vazios.
Não por falta de manifestantes.
Segundo dados oficiais, 149
pessoas foram ao Departamento de Segurança preencher os
formulários necessários para
77 reivindicações (protestos, só
com autorização estatal).
"Foram 74 casos amigavelmente resolvidos, 2 rejeitados
por procedimentos incompletos e um por envolver crianças,
o que não é permitido por lei",
diz assessor do departamento.
Mas, na verdade, vários dos
que tentaram pedir permissão
para protestar foram presos.
Como Wu Dianyuan, 79, e
Wang Xiuying, 77, que foram
cinco vezes ao Departamento
pedir autorização para fazer
um protesto. Eram vizinhas até
que o governo as despejou para
as obras das instalações olímpicas. As duas foram ameaçadas
por escrito de serem enviadas a
um campo de trabalhos forçados, mas ainda não foram.
A monumental e desértica
praça da Paz Celestial virou
quase um bosque para impedir
qualquer manifestação em
massa -e tirar o ângulo possível das câmeras de TV.
"Se houvesse liberdade de
expressão, já seria bem melhor", diz Biao. "Há 40 anos, os
opositores eram mortos e há 20
estavam todos presos. Hoje, só
queremos poder falar."
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