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FUTEBOL
Poderosos técnicos
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Uma das deficiências dos clubes brasileiros é não ter pessoas competentes para planejar e
comandar departamento de futebol. Os diretores não remunerados e não profissionais geralmente não entendem de futebol, e
muitos ex-atletas gerentes costumam não ser bons organizadores
e bons executivos.
Os dirigentes não remunerados
são, com freqüência, amigos da
diretoria e, por serem torcedores
desses clubes, se acham os mais
indicados para o cargo.
Eles atrapalham mais do que
ajudam. Custam caro aos clubes.
Por outro lado, muitos ex-atletas não têm preparo técnico, amplos conhecimentos e experiências de comando e planejamento.
É também comum nos clubes, e
não só no Flamengo, haver desentendimentos, mesquinharias e
ciúmes dos dirigentes não remunerados para com os remunerados, sejam ex-atletas ou não.
Por causa da falta de bons gerentes ou coordenadores, surgiram alguns técnicos, como Emerson Leão e Vanderlei Luxemburgo, que não são apenas excelentes
treinadores de campo. Eles participam ativamente do planejamento técnico e logístico, das decisões das diretorias e da formação da comissão técnica e do time.
Os dois já disseram que, futuramente, vão ser apenas gerentes de
futebol dos clubes.
No Cruzeiro, Luxemburgo insistiu na contratação do Alex contra
a vontade da diretoria, pois o jogador já tinha tido uma passagem ruim no clube. Após a saída
do técnico, ficou mais evidente
que o Cruzeiro tem uma ótima estrutura física, mas tem poucos
profissionais competentes para
comandá-la.
Imagino que Luxemburgo tenha dito também ao presidente
do Santos que ele poderia liberar
o Diego, mas não o Robinho.
Talvez Luxemburgo e Leão se
destaquem dos outros técnicos
mais pelos seus conhecimentos e
participações extracampo do que
pelas suas atuações durante os
treinos e jogos.
Porém as boas relações dos clubes com esses poderosos técnicos
têm um prazo de validade. São
inevitáveis os atritos. As pessoas
que acompanhavam de perto o
Cruzeiro disseram que, após um
certo tempo, a diretoria não
agüentava mais as reclamações,
as exigências e o egocentrismo de
Luxemburgo.
Dar muitos poderes a qualquer
pessoa e aos treinadores não é democrático e é muito perigoso. Eles
querem sempre mais. A solução
seria ter vários profissionais competentes em funções diferentes e
trabalhando unidos. Isso também
não é fácil. Já imaginou Luxemburgo e Leão juntos, um de coordenador e o outro de técnico?
Volante ou zagueiro
Enquanto na Europa quase todos os principais times e seleções
jogam com dois zagueiros e dois
laterais, um grande número de
equipes brasileiras atua com três
zagueiros.
Uma das explicações para essa
preferência é que os times brasileiros já jogavam com um volante
muito recuado, quase como um
zagueiro. Os técnicos estão concluindo que é melhor ter mais um
autêntico zagueiro do que um volante-zagueiro.
Na Europa nunca existiu o volante-zagueiro. Os volantes são
jogadores de meio-campo e marcam mais à frente. Nas equipes
que atuam com dois laterais e
dois zagueiros, os laterais avançam pouco e formam uma linha
de quatro defensores. Se um ataca, o outro se posiciona como um
terceiro zagueiro.
A vantagem de ter três zagueiros é que eles estão de frente para
a bola e para a jogada. Já o volante-zagueiro tem sempre um atacante nas suas costas.
Se um atacante recua, o volante
o marca para sobrar um zagueiro, mas se há dois típicos atacantes não dá para o volante correr
para trás.
A vantagem do volante mais recuado é que ele pode se transformar num armador quando o time recupera a bola. Para isso, ele
precisa ter a mínima habilidade.
Não se justifica também ter três
zagueiros e mais um volante-zagueiro.
A melhor e mais simples solução foi a utilizada pelo Felipão na
Copa de 2002.
Dependendo do outro time ter
um ou dois típicos atacantes, Edmilson era zagueiro ou volante.
Nunca as duas coisas ao mesmo
tempo, mesmo que trocasse de posição durante a partida.
Os volantes não podem decidir
o seu posicionamento no momento da jogada. Fica confuso. Eles
não são tão criativos para raciocinar tão rápido.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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