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FUTEBOL
Eldorado mexicano
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Argentina e Brasil decidem
a Copa América, mas quem
mais se orgulha de seu campeonato nacional na América Latina
neste momento é o México.
Poderosos grupos e milionários
empresários injetam cada vez
mais grana na turbinada liga mexicana. A Televisa controla América, Necaxa e San Luis. O forte
grupo Pegaso rege Atlante, Veracruz, Jaguares de Chiapas e Irapuato. Jorge Vergara, a versão
"chicana" do russo Roman Abramovich, manda no Chivas de
Guadalajara, levou a franquia
(isso mesmo) para a MLS, nos
EUA, colocou as mãos no costa-riquenho Saprissa, tenta o peruano Universitario e ameaçou comprar até o Atlético de Madrid.
Dois brasileiros que despertaram interesse de vários clubes nacionais, Djalminha e Iarley, acertaram recentemente suas transferências para o novo eldorado do
futebol mundial e são só dois
exemplos de atletas de bom nível
que descobriram a nova "mina"
de ouro -mais adaptável e legal
que Rússia, Coréia do Sul etc.
Alguns dos principais nomes do
futebol latino já atuam há alguns
anos no México por razões financeiras. Quase todas as ligas nacionais na América são pobres, e o
México surge como um oásis no
continente para jogadores que
não encontram espaço na Europa. O veterano equatoriano Aguinaga, que fez um free-lancer para
a LDU na Libertadores, diz ter recebido propostas de times brasileiros várias vezes, mas essas nunca bateram as ofertas mexicanas
-os times do México, aliás, vem
beliscando a Libertadores.
Iarley trocou o famoso Boca Juniors pelo desconhecido Dorados
de Culiacán. Parece ter deixado o
céu e ido ao inferno. Mas o ex-jogador do Paysandu ganhará mais
no ascendente time mexicano.
"Os dirigentes do Boca Juniors
queriam renovar por mais seis
meses, mas o dinheiro era menos
do que eu esperava. A Argentina
não está pagando melhor por
causa da crise, como o Brasil. Tinha vontade de jogar no México e
abrir esse mercado. Estou em um
time pequeno, mas o presidente
do clube é uma pessoa séria, paga
em dia. Tive propostas de times
maiores, mas o clube tem um projeto interessante. Tem só um ano
e subiu para a primeira divisão.
Contrataram o Borgetti, dois argentinos, o time é bom. A cidade
de Culiacán, perto de Acapulco,
só tinha beisebol. Agora, o público
do futebol se equipara ao do beisebol", contou Iarley à coluna.
O América (que se vende hoje
como o "Real Madrid das Américas"), o Necaxa e o Pumas pagam
um "absurdo" aos jogadores, segundo relatos. Um jogador top
não ganha menos que US$ 100
mil por mês no México -é o caso
do chileno Navia. Até treinador
europeu de renome, como o holandês Leo Beenhakker, topa agora cruzar o Atlântico. A grana é
tanta que Jorge Vergara contratou a colombiana Shakira e fechou estádio em Guadalajara para todos os funcionários de suas
empresas não faz muito tempo.
Se os países com as principais ligas nacionais do velho continente
não decidiram a Eurocopa, por
que o país com o Nacional mais
aquecido da América Latina estaria na final da Copa América?
Profissionalização
Alberto de la Torre, presidente da federação mexicana, criou um
Conselho Consultivo que reúne os dez empresários que mais mandam no futebol do país. Os executivos-dirigentes devem se reunir a
cada seis meses para profissionalizar cada vez mais a liga mexicana.
O plano é melhorar a infra-estrutura do futebol local, sanar as finanças e alçar a seleção mexicana à elite do futebol mundial. O Necaxa,
que foi terceiro no único Mundial de Clubes, está de mudança da Cidade do México para Aguascalientes após acordo com o governo local. Tradicionalmente, várias universidades bancam clubes no país.
Animalização
Seguindo a escola americana da NBA, a liga mexicana tem times-bichos: águia, potro, colibri, jaguar, puma, galo, tigre, tubarão...
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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