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VÔLEI
Melhor bloqueadora do GP, meio se destaca pela impulsão, mesma qualidade de Aída dos Santos no salto em altura
Valeskinha confirma dote genético de mãe
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando era pequena, Valeskinha sempre pensava um "e daí?"
quando as pessoas a abordavam
embasbacadas com o fato de ela
ser filha de Aída dos Santos.
Na época, a fixação pelo esporte
era só uma característica da mãe
exigente, que colocou Valeskinha,
26, para fazer natação desde os
dois anos -é a irmã do meio de
Sérgio, o mais velho, e Patrícia. A
lista de atividades que praticou
por incentivo da mãe é grande.
"Quando eu cansava de um, minha mãe me colocava em outro.
Balé, ginástica rítmica, basquete,
vôlei, atletismo. Só não fiz ginástica artística, pois cansava muito."
Quando foi crescendo, ao mesmo tempo em que descobria a
história da mãe, uma das melhores saltadoras do país (ver texto
nesta página), Valeskinha passou
a selecionar também os esportes
que praticava. Parou no atletismo.
Seguindo os passos da mãe, fazia salto em altura, corrida com
barreiras, arremesso de peso,
sempre treinada por Aída dos
Santos. "Não era moleza. Eu tinha
que fazer tudo certo. Ela dizia que
na pista não era minha mãe."
Valeskinha levava jeito no atletismo, mas foi outro esporte que a
seduziu pouco tempo depois. Aída lecionava educação física na
Universidade Federal Fluminense, em Niterói. Levava a filha para
as aulas e a colocava batendo bola
na parede. "Um dia ela me ensinava a dar toque, depois manchete... Eu ficava batendo bola e não
perturbava as suas aulas", lembra.
Nas aulas da mãe, a menina entrava em quadra para completar
os times. "Ela falava que eles só
não podiam bater forte em mim."
Mas a proteção nem era necessária. Nas aulas da mãe, começou
a mostrar habilidade no fundamento em que viria a se destacar.
"Quando eu bloqueava alguém,
era a maior gozação. Afinal, eles
eram mais velhos. Eu era uma
menina de 13 anos", conta.
Um dia, no Botafogo, foi convidada pelo diretor de vôlei para fazer um teste. Não queria. "Eu falei
para minha mãe que não ia usar
aquela coisa horrível no joelho.
Nem sabia o que era joelheira."
Mais uma vez, a mãe usou o
conselho que Valeskinha guarda
até hoje: "Vá lá e experimente. Se
você não gostar, mude". Fez o teste e passou. No primeiro torneio,
foi titular. E, quando obteve destaque, viu que era a hora de escolher entre vôlei e atletismo. "Vôlei
era mais fácil. Tem seis na quadra.
Atletismo cansava muito."
Foi a vez de Aída seguir os passos da filha. Até hoje a mãe joga
torneios de veteranos. Foi campeã
mundial em 2001, na Finlândia.
"Joguei pela Sogipa na categoria
acima de 60 anos", conta Aída.
Valeskinha começou a jogar
com 15 anos, mas demorou 11 para chegar à seleção. Apesar de se
destacar no meio-de-rede, sempre ouvia que lhe faltavam dez
centímetros. "O Bernardinho disse que ela era baixa para seguir
adiante no vôlei", lembra Aída.
Mas, no GP-2002, ela provou
que os dez centímetros não fazem
mais falta para quem tem sua impulsão. Foi a melhor bloqueadora
do torneio -alcança a bola a 2,90
m do chão em um bloqueio.
O fato de ser filha de mãe saltadora, segundo ela, pode explicar
tudo. "Acho que é genético. Não
tem de onde eu tirar isso", diz.
Nem agora que se tornou uma
jogadora consagrada e não tem
mais Aída como técnica, Valeskinha escapa das cobranças da mãe.
"Ela liga para comentar os jogos, dizer que jogamos mal... Mas
ela também elogia. É bom ver o
orgulho da minha mãe. Assim como eu me orgulho dela", afirma.
As duas disputam para ver
quem fica mais tempo fora de casa. Aída está sempre viajando para jogar vôlei -também treina
atletismo. "Ela não pára. Tenho
sempre que perguntar em que lugar ela está", diz Valeskinha.
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