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Confederação conclui que padrão internacional de 50 cm é conforto demais para torcedor e orienta federações a cortar espaço e dar só 45 cm para "bunda no chão" nas arquibancadas
Para inchar estádios, CBF manda encolher bumbum
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Veja o comprimento desta reportagem. É exatamente o espaço
que o leitor e o torcedor nacional
terão para se acomodar a partir de
agora em grande parte dos estádios do futebol brasileiro.
No país que mais idolatra a bunda, a CBF resolveu diminuir o
quadril do torcedor. E determinou que o brasileiro terá agora
apenas 45 centímetros para se
sentar nas arquibancadas, local
preferido da platéia que acompanha os espetáculos esportivos.
Anteontem, a entidade que comanda o futebol no Brasil enviou
às federações estaduais um comunicado em que autoriza os administradores de estádios a simplesmente "cortar" cinco centímetros
em cada um dos "assentos".
O objetivo da diminuição dos
quadris é claro: aumentar a capacidade dos estádios, principalmente no Nordeste do país. Desde
a década de 90, por motivos de segurança, arenas que comportavam mais de 70 mil pessoas sofreram processo de encolhimento.
São os casos de Maracanã e Morumbi, por exemplo, que diminuíram consideravelmente suas
capacidades com a reforma que
sofreram para abrigar o Mundial
de Clubes da Fifa, em 2000.
"Cinquënta centímetros é um
parâmetro muito rigoroso. Serve
para cadeiras, porque entre elas
tem que haver um vão. Não é o
mesmo parâmetro de pessoas
sentadas com a bunda no chão.
Bunda no chão vai ficar em 45
cm", sentencia Virgílio Elísio, diretor do Departamento Técnico
da CBF, que lidera um grupo de
trabalho sobre adaptações que os
estádios terão que sofrer a partir
do ano que vem.
A norma dos "45 cm para a
bunda" é apenas parte de um novo caderno de encargos que as
arenas terão que cumprir para
que sejam utilizadas nos campeonatos que a CBF organiza: séries
A, B e C e a Copa do Brasil.
O "Caderno de Inspeção de Estádios", como foi batizado, será
baixado como decreto até o final
do mês que vem em forma de RDI
(resolução de diretoria). Mas a diminuição do espaço nos assentos
já está em vigor no país.
A partir da RDI, as federações
terão que verificar se as exigências
estão sendo atendidas. "Faremos
um check-list. E só terá o aval
quem estiver de acordo com as
novas normas", disse Elísio.
O espaço para o torcedor se acomodar não será modificado nos
locais onde haja cadeiras. Nesse
caso, a CBF seguirá determinação
da Fifa para as competições que
organiza, de um metro linear para
cada duas pessoas -ou seja, 50
cm para cada torcedor.
Curiosamente, o Brasil tem praticamente garantida a organização da Copa de 2014, quando deverá receber, devido ao rodízio de
continentes na organização dos
Mundiais, torcedores de vários
países, muitos acostumados ao
conforto de estádios modernos.
Mas Maracanã, Morumbi, Mineirão e outros palcos que potencialmente abrigarão jogos do
Mundial não precisarão atender
ao comunicado da CBF sobre os
45 cm, uma vez que são todos formados por cadeiras.
Especialmente na Europa, não
há torcedores sentados no cimento ou mesmo apertados, sem o
mínimo conforto.
E a medida da CBF sai no ano
seguinte à implementação de
uma lei, o Estatuto do Torcedor,
que determina uma série de melhorias para o consumidor do ""espetáculo" futebol.
O Campeonato Brasileiro se
prepara para registrar nesta temporada a sua pior média de público da história -hoje, a marca no
principal torneio do país é de apenas 7.411 pessoas por partida.
E o atrativo encontrado pelos
dirigentes para trazer as pessoas
de volta aos estádios foi justamente estreitar o traseiro do torcedor,
que tem pago cada vez mais caro
pelos ingressos no país do futebol.
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