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No bastidor, COB alerta para poluição
Em manual, comitê diz que Pequim tem altos índices de partículas no ar, superiores a valores ideais à prática do esporte
Publicamente, entidade sempre minimizou efeitos de poluentes aos atletas, mas agora já recomenda medidas para reduzir danos
EDUARDO OHATA
ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADOS ESPECIAIS A PEQUIM
Com a chegada dos primeiros
atletas brasileiros à China e a
proximidade da Olimpíada, o
COB ligou o alerta na delegação
em relação à poluição e ao calor
durante os Jogos. A postura
contrasta com a diplomacia
adotada publicamente pelos
cartolas brasileiros, em que o
problema era minimizado.
Um manual do comitê, endereçado para os chefes de equipe, inclui um relatório que considera altos os recentes valores
médios de índice de poluição
atmosférica (API). A Folha teve acesso ao documento, que
surge justamente quando a neblina volta a envolver Pequim.
Segundo o relatório, o ar de
Pequim alcança 80 microgramas/m3. É considerado alto índice de poluição quando este
indicador está acima de 50 microgramas/m3.
O COB aponta que, ""apesar
dos esforços do governo chinês
em amenizar a situação [da poluição], as médias verificadas
têm declinado de maneira discreta recentemente" e que ""os
valores se mantêm superiores
aos mínimos recomendados
para as práticas esportivas".
O documento explica que o
problema é mais evidente nas
regiões central e oeste da cidade. A Vila Olímpica e as áreas
de competição ficam localizadas na região norte de Pequim,
onde o ar ""não é tão poluído".
Há alguns meses, o departamento médico do COB afirmou
que não eram necessários cuidados especiais com os atletas
para a poluição. Mas, no manual, são indicadas algumas
medidas preventivas àqueles
com problemas respiratórios.
Esses cuidados incluem suplementação alimentar com
ômega-3, treinamento muscular inspiratório e monitoração
da rotina das vias respiratórias,
que servirão de referência para
detecção de eventuais alterações provocadas pela qualidade
do ar em Pequim.
Há ainda orientação quanto
aos horários impróprios para
permanência em ambientes
externos em razão da qualidade do ar. Além disso, são recomendados exames adicionais
para pedido de autorização de
uso de medicamentos relacionados aos efeitos de poluentes.
Outras práticas indicadas no
documento são as rotinas de
exposição dos atletas à altitude
real e simulada. E é sugerida,
em alguns casos, a utilização de
máscaras de carvão ativado.
Já o fato de o período da
Olimpíada ser o de maiores
temperatura e umidade relativa do ano também provoca temores. O principal mecanismo
termorregulatório -a evaporação do suor- fica prejudicado
porque, em ambiente muito
úmido, o suor não evapora.
Com a diminuição da transferência do calor para o ambiente, a tendência é que a temperatura central se eleve.
Isso pode produzir lesões teciduais graves, e o sistema nervoso central reduz os estímulos
nervosos para a musculatura
em atividade. As conseqüências são redução do desempenho e riscos para a saúde.
Como medidas preventivas,
o comitê promete oferecer
orientações nutricionais quando houver manifestações nos
atletas de intolerância ao calor.
Ontem, ao ser questionado
sobre o tom cinza no céu de Pequim nos últimos dias, Du
Shaozhong, diretor do escritório de proteção ambiental da
capital chinesa, afirmou que
essa coloração do céu ""depende de condições meteorológicas, não da condição do ar".
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