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Na lanterna, Santos tem que "pagar" por apoio
Promoções atraem mais torcida à Vila na luta do time contra o rebaixamento
Sem entradas livres, São Paulo leva 11 mil pagantes ao Morumbi e arrecada R$ 155 mil; Santos, com público parecido, embolsa R$ 18 mil
DA REPORTAGEM LOCAL
Logo após a derrota contra o
Palmeiras, na quinta, o pressionado Cuca, novamente, repetiu
as palavras de dias atrás: "Não
estou no direito de pedir, mas
peço à torcida que apóie. Que
vá à Vila no domingo".
Hoje, contra o Vasco, apesar
da péssima campanha do time,
que só ganhou um jogo no Nacional e amarga hoje a lanterna,
a diretoria santista espera bom
público na Vila Belmiro. Nos
últimos três jogos em casa, o
Santos levou mais de 10 mil
pessoas ao seu estádio.
A boa média não se deve ao
futebol apresentado pela equipe, que freqüenta a zona do rebaixamento há dez rodadas.
A façanha santista está relacionada a promoções feitas pela diretoria. Com a camisa do time, o torcedor paga meia-entrada. Mulheres, acompanhadas de pagantes, não pagam.
No jogo contra o Goiás, último sem promoção, menos de
4.000 foram à Vila. No estádio
há 21.567 lugares.
Segundo a assessoria de imprensa do clube, a promoção é
fruto do momento que a equipe
está passando, que exige esse tipo de incentivo. "É uma solução para ajudar o problema do
campo, mas não financeira", reconhece o assessor de imprensa do Santos, Aldo Neto.
Se em termos de público a
iniciativa é bem-sucedida, o aspecto financeiro é contestável.
Tanto as entradas distribuídas
como a gratuidade das mulheres são pagas pelo clube.
Contra o Sport, a renda do jogo foi de R$ 155.280. Do valor,
R$ 58.050 foram descontados
por conta dos ingressos promocionais. Contra o Botafogo, o
custo dos ingressos distribuídos gratuitamente foi de R$
13.500, segundo a CBF. O público contra os cariocas foi superior a 10 mil pessoas, mas a
renda, de R$ 38 mil.
"Não estamos perdendo dinheiro porque tem outras variáveis que não são financeiras.
Quanto valem esses pontos que
ganhamos contra o Sport, que
não teríamos conseguido sem a
torcida?", questiona Neto.
Na partida contra o Grêmio,
novamente mais de 10 mil estiveram no estádio. No entanto
menos de 6.000 pagaram para
ver o jogo. O resultado foi uma
renda líqüida de R$ 17.908.
O São Paulo, por exemplo, levou ao Morumbi público semelhante (cerca de 11 mil) na partida contra o Sport e faturou, líquido, R$ 144.500. Ou seja,
mais de oito vezes o valor embolsado pelo Santos.
"Não é com redução [no preço] de ingresso que o Santos levará torcedor ao estádio. Quando tiver time, pode cobrar preço alto", diz Francisco Lopes,
ex-diretor de futebol do Santos,
hoje na oposição. "Num show
do Frank Sinatra, pode cobrar
US$ 100 que um mês antes os
ingressos estarão esgotados.
Agora, do Tiririca, pode cobrar
seis mexericas e uma banana,
que ninguém vai.
(RICARDO VIEL)
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