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"Nem penso mais em dinheiro"
Capitão da seleção olímpica, Ronaldinho afirma ter recusado proposta melhor ao optar pelo Milan
Estrela do time de Dunga em
Pequim, jogador diz não
guardar nenhuma mágoa
do Barcelona, que deixou
após dois anos sem títulos
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A CINGAPURA
Ronaldinho não quer mais
dinheiro. Ele só quer amar. Em
entrevista à Folha, em Cingapura, onde está com a seleção
olímpica, o meia-atacante disse
que não foi para o Manchester
City, que fez proposta melhor
do que a do Milan, por considerar ter dinheiro suficiente.
O duas vezes melhor do
mundo também nega que tenha perdido o foco em relação
ao futebol nos últimos anos,
quando acumulou contusões e
quilos extras. Muito mais magro do há duas semanas, ele diz
que "ama estar com a bola" e
estar pronto para ser o capitão
na Olimpíada se Dunga quiser.
FOLHA - Como mais experiente do
grupo você gosta do papel de líder?
RONALDINHO - Não vejo que tenho esse papel. Quero ajudar da
melhor forma possível. Sou o
mais experiente e vou tentar
ajudar assim.
FOLHA - Você tem idéia de quantos
quilos perdeu?
RONALDINHO - Sei lá. Eu venho
me pesando, mas eu nunca estive muito acima do meu peso.
Fiquei três meses parado.
Quando você começa a treinar,
as coisas voltam ao normal.
FOLHA - Quando negociou com o
Milan, colocou a participação na
Olimpíada como condição?
RONALDINHO - Eles já sabiam da
minha vontade de disputar a
Olimpíada, o que eu também
queria se seguisse no Barcelona. Quando pintou a negociação, deixei bem claro para eles
que queria disputar a Olimpíada. Foi uma conversa amigável.
Há três anos eles queriam me
contratar. Ele queriam me ver
feliz e, para isso, eu teria que jogar a Olimpíada.
FOLHA - Você tinha uma proposta
melhor do Manchester City?
RONALDINHO - Financeiramente, era bem diferente da oferecida pelo Milan. Mas hoje em
dia o Milan é o número um do
mundo em termos de estrutura. Por isso a opção pelo Milan.
FOLHA - Então você abriu mão de
dinheiro em troca de um projeto
que acha melhor?
RONALDINHO - Hoje tenho uma
situação estável. Tenho a felicidade de fazer o que mais gosto.
Por isso nem penso em dinheiro. Penso em disputar grandes
competições, estar perto dos
grandes jogadores, e o Milan
me proporciona tudo isso.
FOLHA - Ficou alguma mágoa do
Barcelona após o desgaste nos últimos meses?
RONALDINHO - Nenhuma. Só
lembranças memoráveis e
grandes amigos.
FOLHA - Mas o que mudou lá no final da sua passagem?
RONALDINHO - É muita coisa que
a imprensa coloca que não é
verdade. Até o final a torcida
queria que eu ficasse. Foram
dois anos sem títulos, especulam coisas, a inventar fatos que
não eram verdadeiros. Mas
chegou a hora de mudar.
FOLHA - Você perdeu o foco no futebol nos últimos meses?
RONALDINHO - Jamais perdi o
foco. Adoro treinar, amo estar
com a bola. Nunca perdi o foco.
FOLHA - Você gostaria de ser o capitão da seleção brasileira na Olimpíada de Pequim?
RONALDINHO - Sem dúvida, eu
me sinto maduro [o técnico
Dunga já definiu que dará a tarja de capitão ao jogador]. Todo
mundo sabe o que eu já vivi na
seleção. Estou à disposição do
Dunga. Seria mais uma motivação para fazer o meu melhor.
FOLHA - Você pode ir para a Vila
Olímpica, em Pequim. Como imagina ser o assédio de milhares de outros atletas?
RONALDINHO - Eu me vejo como
mais um que vai estar lá, que vai
ter a chance de ver atletas do
mundo todo, coisa que você só
vê pela televisão. Estou muito
feliz por ter essa oportunidade.
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