|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Estilo Vuaden "mundializa" Brasileiro
Árbitro gaúcho que marca 31 faltas em média por jogo no Nacional escancara exagero de infrações nas partidas do país
Evandro Roman, juiz que
teve atuação desastrosa no Canindé e que dá mais faltas que a média do torneio, não é afastado e volta na quarta
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Há um chavão no futebol de
que ""cada jogo é uma história".
Dependendo do estilo do árbitro, as histórias são mesmo
bem diferentes. Leandro Vuaden, árbitro mais elogiado do
Brasileiro, e Evandro Rogério
Roman, juiz que teve a atuação
mais desastrosa da disputa,
exemplificam bem essa tese.
O árbitro gaúcho que brilhou
especialmente nos jogos Palmeiras 3 x 1 Fluminense e São
Paulo 2 x 1 Botafogo tem a sua
fama de deixar o jogo correr
comprovada pelo Datafolha.
Vuaden marca em média 31 faltas por partida, um número
bem abaixo da média dos demais juízes do atual Brasileiro
(40,6 infrações por jogo).
Já o paranaense Roman, que
trabalhou no polêmico 2 a 2 entre Portuguesa e Flamengo, é
um emérito apitador de faltas
(42 por jogo). No Canindé, na
quarta, além de ter validado
dois gols do Flamengo em que
atletas levaram as mãos à bola,
Roman, 35, deu três pênaltis
discutíveis -os jogadores mais
se jogaram no chão do que caíram pelo contato com um rival.
""Minha filosofia é deixar o jogo movimentado, mas nada de
apelo à violência. É espetáculo
bonito, na bola. O jogador brasileiro, pela qualidade, tem que
jogar, não fazer cai-cai. É fazer
o cara jogar, permitir contato
que faz parte do espetáculo,
contato limpo. Esse é meu trabalho e que bom que está sendo
bem aceito", diz Vuaden.
O juiz gaúcho, que foi elogiado até pelos derrotados botafoguenses no último final de semana, diz que não é um fato
isolado no Brasil e que há uma
ordem superior agora para não
parar tanto o jogo com faltas.
""A CBF nos orientou a não
apitar tantas faltas, que fôssemos mais criteriosos. No futebol gaúcho, há choque, pegada,
não marcamos qualquer falta.
E eu sou assim, eu quero ver um
grande espetáculo. Dificilmente passo de 30 faltas [por jogo].
Os primeiros minutos são cruciais. Se você não marcar falta
no começo, o atleta não vai simular mais, vai tentar jogar."
Roman não só não foi suspenso por sua péssima atuação
no Canindé como acabou escalado para o jogo Figueirense x
São Paulo na próxima quarta-feira. O time do Morumbi deverá experimentar, portanto, dois
estilos de arbitragem bem diferentes logo em seqüência -o
São Paulo é um dos clubes que
mais reclamam dos juízes nacionais que travam os jogos.
Deixando o jogo correr, Vuaden, 33, faz partidas com mais
gols (em média, os jogos dele
têm 3,4 gols) que Roman (3 por
partida) -a média de gols por
jogo do campeonato é de 2,68.
Com menos faltas, também há
menos cartões amarelos e vermelhos nas partidas de Vuaden
(4 amarelos e 0,2 vermelho).
A Folha tentou falar nos últimos dias com Sérgio Corrêa da
Silva, presidente da Comissão
de Arbitragem da CBF, mas ele
disse, primeiro, estar ocupado
com sorteios de árbitros e, depois, não atendeu o seu celular.
Em partidas na Europa, em
especial na Inglaterra, é comum jogos terem apenas uma
dezena de faltas. Nas competições da Conmebol, a arbitragem também costuma não parar tanto o jogo, o que causa
certo estranhamento para alguns atletas que atuam no país.
Texto Anterior: Oportunista: Japão busca se promover na China Próximo Texto: O que ver na TV Índice
|