|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cavalos e cifras são barreiras no hipismo
Rodrigo Pessoa diz que faltam "projetos olímpicos" e critica cavaleiros nacionais
Medalhista de ouro em Atenas-2004 defende investimento mensal de
US$ 10 mil para preparar conjuntos na Bélgica
GIULLIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL
O décimo lugar obtido pelo
conjunto Camila Mazza/Bonito Z na Olimpíada está a milhões de euros de distância da
quinta colocação que Rodrigo
Pessoa/Rufus obteve na mesma categoria, o salto individual.
Pessoa, que esteve por dois
dias no Brasil após o fim dos Jogos, revelou à Folha que o cavalo que substituiu Baloubet
du Rouet é um animal caro,
com valor aproximado de 2
milhões (cerca de R$ 4,8 milhões). Já Bonito Z, cavalo de
origem belga, mas que foi criado no Brasil, custou, em 1999,
US$ 3 mil (R$ 4.890), numa
transação em que foi adquirido
como "apêndice" de uma égua.
No Brasil, onde os cavaleiros
destacam que faltam cavalos de
qualidade, Pessoa aponta um
outro problema. Diz que faltam
bons projetos olímpicos e cavaleiros humildes, que admitam
que, treinando apenas no Brasil, com animais que não podem ainda competir de igual
para igual com os europeus,
não dá para pensar em evoluir.
Na opinião de Pessoa, não
existe mistério. Para se destacar no cenário internacional, a
fórmula é simples: é preciso
apenas "arregaçar as mangas"
para captar recursos, investir
em um bom cavalo e seguir ao
exterior para treinar.
"O Centro de Treinamento
que mantenho com minha família, em Bruxelas, na Bélgica,
não é um centro para ricos.
Com US$ 10 mil por mês, o
atleta mantém dois cavalos para treinar e competir. É viável",
afirma o atleta e empresário.
Os valores na modalidade estão num patamar diferenciado.
Cavalos custam milhões de euros e despesas mensais saem
por milhares de dólares. Mas a
realidade do esporte brasileiro,
que ainda conta com poucos
investimentos privados, não
acompanha tais cifras.
"O Rodrigo tem razão. Temporadas na Europa são fundamentais, mas três meses no exterior, competindo em torneios de alto nível, não custa
menos de 100 mil. Apenas o
transporte de cada cavalo representa 20 mil", diz o cavaleiro César Almeida.
Ouro por equipes no Pan do
Rio, Almeida, que salta com um
cavalo bem mais modesto que
o de Pessoa -vale cerca de
300 mil- afirma sempre ter
tido dificuldades para conseguir patrocínios. "Além dos valores serem muito altos, quando não se vem de uma família
tradicional do hipismo, como é
o meu caso, não é fácil encontrar proprietários de cavalos
que queiram investir em você."
O presidente da CBH (Confederação Brasileira de Hipismo), Maurício Manfredi, diz
que em ano olímpico é possível
levar equipes para treinar em
lugares como a Bélgica, mas isso não está ao alcance da confederação todos os anos.
"Infelizmente, R$ 1,7 milhão
é uma verba que não faz parte
do nosso orçamento anualmente", disse Manfredi, referindo-se ao valor recebido do
COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e da Petrobras, através de
leis de incentivo ao esporte.
Texto Anterior: Natação: Phelps pode nadar 100 m livre já em 2009 Próximo Texto: Frase Índice
|