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FUTEBOL
Proibida de jogar em casa, seleção não encontra nova sede para atuar
Conflito no Oriente Médio tira Israel dos gramados
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Não está sendo fácil. Com o aumento das tensões no Oriente
Médio, a seleção de Israel não tem
onde jogar. Por determinação da
Uefa, a entidade que controla o
futebol europeu e à qual os israelenses estão subordinados, foram
proibidos, até segunda ordem, jogos internacionais no país.
Por razões de segurança, Israel
não pode mandar jogos em casa.
O problema é encontrar um local
para atuar. Contra Chipre, pelas
eliminatórias da Eurocopa-04,
não foi possível, e a partida, cuja
mandante era Israel, acabou sendo adiada para abril.
Na Inglaterra, Gavri Levi, que
comanda a federação israelense,
bem que tentou encontrar uma
sede. Disse ter contatado três clubes britânicos e recebido três
"nãos" como resposta. Na Itália,
também não obteve sucesso.
"A idéia era fazer os jogos como
mandantes um em cada lugar. Se
não fecharmos com os países da
Europa ocidental, vamos tentar
jogar na Europa oriental", afirmou o dirigente, por intermédio
da assessoria de imprensa da federação. De acordo com a entidade, países como Bulgária, Romênia e Ucrânia poderiam estar dispostos a abrigar jogos de Israel.
Segundo Levi, o Maccabi Haifa
tem atuado em Chipre pela Copa
dos Campeões, enquanto o Hapoel Tel Aviv e o Maccabi Tel Aviv
têm jogado na Bulgária. "É uma
pena, porque acabamos jogando
em campo neutro quando deveríamos ser os mandantes. A situação política atrapalha a seleção."
E não só a de Israel. O futebol da
Palestina enfrenta problemas parecidos. Reconhecidos pela Fifa
desde junho de 1998, os palestinos
não podem jogar em casa.
E, muitas vezes, nem podem
treinar, já que parte da equipe fica
em Gaza, parte na Cisjordânia.
Quando o time se encontra é para
treinar no Egito ou na Jordânia. E
é lá que manda seus jogos.
"Futebol e política não deveriam se misturar, mas a realidade
para os dois lados é bem diferente. Muitos de nossos jogadores
entre 18 e 21 anos estão no exército, e os deles, também. Em vez de
jogar bola, acabam aprendendo
como manejar uma arma."
No ano passado, depois dos
atentados de 11 de setembro nos
EUA, os problemas para a seleção
de Israel começaram. Nove jogadores austríacos, alegando falta
de segurança e receio de ataques
terroristas, recusaram-se a viajar
para um jogo decisivo pelas eliminatórias da Copa-02 em Israel.
Em abril deste ano, como o clima não melhorava, a Uefa proibiu
os jogos internacionais em Israel,
em Gaza e na Cisjordânia.
Segundo a Fifa, a entidade que
organiza o futebol mundial, a decisão da Uefa foi correta. Em dezembro, a questão será rediscutida, mas, se a situação política entre israelenses e palestinos estiver
na mesma, ambos continuarão
sem poder abrigar jogos internacionais em casa.
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