São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2011

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Torpedo

Imposto na conta de celular faz esporte argentino renascer e acirrar rivalidade com o Brasil

PAULO COBOS
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE

A conta de celular dos argentinos tornou mais difícil a missão do Brasil de ultrapassar seu maior rival no esporte no quadro histórico de medalhas do Pan.
Financiado com um imposto que destina a ele 1% da fatura de todos os celulares pós-pagos do país, o esporte argentino saiu do estado de miséria quase absoluta para dar um salto quantitativo e qualitativo em Guadalajara.
Até o fechamento desta edição, a delegação do país somava 17 ouros, seis a mais do que no Rio-2007.
O crescimento superior a 50% nas idas ao lugar mais alto do pódio é o maior, em termos proporcionais, entre os grandes do continente.
Com a boa campanha, deixou de ser uma certeza a ultrapassagem brasileira no total de ouros em Pans.
Antes do início do evento de Guadalajara, essa diferença era de 19 medalhas.
Agora, está em três. Os argentinos ainda são favoritos em modalidades como hóquei sobre a grama.
Em 2007, o Brasil ganhou 42 medalhas de ouro a mais do que os argentinos. Agora, a diferença é de 16.
O esporte argentino retomou a rota do crescimento no final de 2009, quando o Congresso do país aprovou controversa lei de financiamento via conta de celular.
A partir de abril de 2010, quando ela entrou em vigor, até agora, foram destinados ao esporte do país o equivalente a R$ 44 milhões.
Nem parece tanto para os padrões brasileiros, porém uma fortuna para o empobrecido esporte argentino.
Federações que tinham orçamentos risíveis passaram a ter bom dinheiro. Foi o caso, por exemplo, do pentatlo moderno, que passou de inexpressivos R$ 2.500 anuais para mais de R$ 500 mil.
O dinheiro dos celulares garantiu bolsas para mais de mil atletas olímpicos. Financiou a participação de esportistas argentinos em mais de 500 eventos pelo mundo nos últimos dois anos.
A delegação no Pan é de quase 500 atletas, quase meia centena a mais do que no Rio.
E, ao contrário do que quase sempre faz o Comitê Olímpico Brasileiro, seu equivalente argentino, o COA, apresentou até em uma planilha a estimativa de pódios conquistados em Guadalajara.
Por esse levantamento, os argentinos estimavam a conquista de 17 medalhas de ouro. Mas, com o resultado animador até agora, a projeção já mudou de patamar.
"Temos uma nova projeção. Podemos ganhar 20 ouros", declarou à imprensa de seu país Mario Moccia, secretário-geral do COA.
"Viemos para Guadalajara para testar nosso nível, como avançamos e como podemos continuar crescendo", disse.
Com dinheiro, é mais fácil.



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