São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Arena dribla crise no Palmeiras

Em meio às dívidas do clube, conselho fiscal aprova acordo para remodelação do Parque Antarctica

Venda por R$ 25 milhões do zagueiro Henrique ao Barcelona ajuda diretoria a quitar temporariamente sua sufocada folha salarial

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise financeira vivida pelo Palmeiras está em segundo plano. O que importa agora, para a diretoria do clube alviverde, é a arena multiuso que irá substituir o Parque Antarctica.
Nem os salários atrasados preocupam no momento os dirigentes, que ontem referendaram no COF (Conselho de Orientação Fiscal) o negócio com a construtora WTorre, responsável pelas obras.
Na próxima segunda-feira, o Conselho Deliberativo do Palmeiras deve aprovar o negócio. Alguns cartolas dizem que o contrato entre o clube e a empreiteira já está até assinado.
Pelo acordo, o Palmeiras terá de conceder o estádio por 30 anos à empresa construtora.
"O que são 30 anos? Passa rápido", afirma o diretor financeiro do Parque Antarctica, Ebem Gualtieri.
"A nossa prioridade agora é a construção dessa arena. Em relação a salário, quando chegar a hora, a gente vê o que faz", falou o cartola alviverde, que acredita que não haverá salários atrasados no próximo mês.
A falta de preocupação é tanta que provocou indignação em cartolas do clube o fato de o presidente palmeirense, Affonso della Monica, não ter ficado sabendo do atraso salarial de 14 dias neste mês.
Agora, isso não deve ocorrer por conta da venda do zagueiro Henrique para o Barcelona. O negócio foi fechado por 10 milhões (cerca de R$ 25 milhões) e superou oferta anterior feita pelo Ajax, da Holanda, de R$ 17,5 milhões.
Com a transação, o Palmeiras receberá 20% sobre o lucro, que será de R$ 19 milhões (Henrique foi comprado pela Traffic por R$ 6 milhões).
Isso representa cerca de R$ 3,8 milhões. Como a folha de pagamento gira em torno de R$ 2 milhões, o clube já tem como arcar com os encargos do futebol no próximo mês. Mas ainda terá que cobrir a renovação dos empréstimos do atacante Kleber (do Dínamo de Kiev, em torno de R$ 600 mil) e do lateral Leandro (do Porto).
"Nós temos reservas, que são os nossos jogadores. É claro que isso nos dá um alívio financeiro", declarou Gualtieri.
O respiro financeiro deverá ajudar ainda o clube a saldar dois meses de direitos de imagem atrasados. Hoje, as dívidas totais do clube alviverde giram em torno de R$ 45 milhões
O gerente de futebol do Palmeiras, Toninho Cecílio, afirmou que a proposta vinda da Espanha foi "irrecusável" para o zagueiro, para a parceira Traffic e para o clube.
E indicou que outros atletas podem ser negociados. "Olha essa instabilidade do Palmeiras é algo que nunca aconteceu no clube. Mas isso não se resolve de uma hora para outra. Acredito que estejamos fazendo investimentos para equilibrar o clube no ano que vem."
Toninho afirma que a discussão sobre a arena não tem prejudicado o departamento de futebol. Segundo ele, porém, o clube não pode só pensar em pagar as contas e não montar uma equipe competitiva.
"Não dá só para pagar contas e ficar em 15º ou 16º lugar. Somos um clube grande com uma torcida que exige títulos. Por isso, não podemos trabalhar visando só ao lucro", finalizou.


Texto Anterior: José Geraldo Couto: Meio século esta noite
Próximo Texto: Porteira: Gustavo pode sair também
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.