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Arena dribla crise no Palmeiras
Em meio às dívidas do clube, conselho fiscal aprova acordo para remodelação do Parque Antarctica
Venda por R$ 25 milhões do zagueiro Henrique ao Barcelona ajuda diretoria
a quitar temporariamente sua sufocada folha salarial
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise financeira vivida pelo
Palmeiras está em segundo plano. O que importa agora, para a
diretoria do clube alviverde, é a
arena multiuso que irá substituir o Parque Antarctica.
Nem os salários atrasados
preocupam no momento os dirigentes, que ontem referendaram no COF (Conselho de
Orientação Fiscal) o negócio
com a construtora WTorre,
responsável pelas obras.
Na próxima segunda-feira, o
Conselho Deliberativo do Palmeiras deve aprovar o negócio.
Alguns cartolas dizem que o
contrato entre o clube e a empreiteira já está até assinado.
Pelo acordo, o Palmeiras terá
de conceder o estádio por 30
anos à empresa construtora.
"O que são 30 anos? Passa rápido", afirma o diretor financeiro do Parque Antarctica,
Ebem Gualtieri.
"A nossa prioridade agora é a
construção dessa arena. Em relação a salário, quando chegar a
hora, a gente vê o que faz", falou
o cartola alviverde, que acredita que não haverá salários atrasados no próximo mês.
A falta de preocupação é tanta que provocou indignação em
cartolas do clube o fato de o
presidente palmeirense, Affonso della Monica, não ter ficado
sabendo do atraso salarial de 14
dias neste mês.
Agora, isso não deve ocorrer
por conta da venda do zagueiro
Henrique para o Barcelona. O
negócio foi fechado por 10
milhões (cerca de R$ 25 milhões) e superou oferta anterior feita pelo Ajax, da Holanda, de R$ 17,5 milhões.
Com a transação, o Palmeiras receberá 20% sobre o lucro,
que será de R$ 19 milhões
(Henrique foi comprado pela
Traffic por R$ 6 milhões).
Isso representa cerca de R$
3,8 milhões. Como a folha de
pagamento gira em torno de R$
2 milhões, o clube já tem como
arcar com os encargos do futebol no próximo mês. Mas ainda
terá que cobrir a renovação dos
empréstimos do atacante Kleber (do Dínamo de Kiev, em
torno de R$ 600 mil) e do lateral Leandro (do Porto).
"Nós temos reservas, que são
os nossos jogadores. É claro
que isso nos dá um alívio financeiro", declarou Gualtieri.
O respiro financeiro deverá
ajudar ainda o clube a saldar
dois meses de direitos de imagem atrasados. Hoje, as dívidas
totais do clube alviverde giram
em torno de R$ 45 milhões
O gerente de futebol do Palmeiras, Toninho Cecílio, afirmou que a proposta vinda da
Espanha foi "irrecusável" para
o zagueiro, para a parceira
Traffic e para o clube.
E indicou que outros atletas
podem ser negociados. "Olha
essa instabilidade do Palmeiras
é algo que nunca aconteceu no
clube. Mas isso não se resolve
de uma hora para outra. Acredito que estejamos fazendo investimentos para equilibrar o
clube no ano que vem."
Toninho afirma que a discussão sobre a arena não tem prejudicado o departamento de futebol. Segundo ele, porém, o
clube não pode só pensar em
pagar as contas e não montar
uma equipe competitiva.
"Não dá só para pagar contas
e ficar em 15º ou 16º lugar. Somos um clube grande com uma
torcida que exige títulos. Por
isso, não podemos trabalhar visando só ao lucro", finalizou.
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