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Adaptação da natação restringe "turismo"
Para reproduzir clima chinês, técnicos vetam até cassino
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A MACAU
Os Jogos Olímpicos de Pequim ainda nem começaram,
mas nadadores da seleção brasileira já experimentam o clima
de concentração que deve imperar durante o torneio.
Os passeios por Macau, onde
a equipe brasileira faz a etapa
final da preparação olímpica,
são controlados, e a diversão
em cassinos da cidade, paraíso
do jogo da Ásia, está vetada.
"A gente está fazendo tudo
junto para tentar viver um pouco do que vamos encontrar em
Pequim. Saímos pouco. Ida ao
cassino está proibida", afirma o
velocista César Cielo. "Para
passar o tempo, eu assisto a vídeos. Acho que já vi uns sete filmes", conta o nadador.
O cuidado para manter a concentração e a motivação durante o complicado período de
adaptação ao fuso horário fez
alguns atletas até criarem um
pacto interno: quem vai à piscina do Centro Aquático Olímpico de Macau tem de treinar.
"Não vale vir para cá só porque não quer dormir no hotel.
Isso pode incomodar quem está na piscina, também está cansado, mas está treinando", afirma Cielo, que, nos trabalhos da
manhã de ontem, sentiu muito
cansaço devido ao fuso horário
-Macau está 11 horas à frente
do horário de Brasília.
O técnico Alberto Pinto havia
programado um passeio com os
atletas para aproveitarem a folga no restante do dia. Com o
treino da noite cancelado -a
piscina está reservada para os
brasileiros apenas das 20h às
22h-, os nadadores teriam boa
parte do período livre. O sufocante calor de Macau, porém,
foi quebrado no fim da tarde
por uma forte tempestade.
A regra do controle de saídas
não é seguida por todos de forma rígida -a seleção é composta por técnicos e atletas de diferentes clubes. Mesmo assim, as
escapadas do hotel têm sido raras. Quando acontecem, quase
sempre são motivadas por
compras, principalmente nas
lojas de artigos eletrônicos.
"Eu quero comprar uma máquina digital. Mas não é muito
bom mesmo ficar saindo demais do hotel, temos de manter
nossa concentração, descansar.
Se quer sair, tem de falar com o
técnico e explicar o motivo",
afirma Joanna Maranhão.
Além dos filmes e dos livros,
uma das principais válvulas de
escape dos nadadores tem sido
a internet. Com as dificuldades
de adaptação ao fuso horário de
Macau, a procura pelos computadores tem acontecido em horários pouco comuns.
"Outro dia, às 5h, o MSN
[programa de troca de mensagens instantâneas] ficou lotado. A gente não consegue dormir e vai para a internet. Esses
primeiros dias são bastante
complicados", diz Arilson Soares, um dos técnicos da seleção.
Os treinadores, porém, preocupam-se em amenizar respostas negativas ao período de
concentração e treinos.
"Tem gente que não responde bem se fica muito fechado.
Temos de ver o que é melhor
para cada um. Ir a um cinema,
passear um pouco, sem abusar,
acho que não faz mal. Ir ao cassino? Acho que só se for para
conhecer, ver como é", avalia o
técnico Fernando Vanzella.
Uma restrição, porém, pode
imperar até os Jogos Olímpicos: a equipe de natação deve ficar de fora da cerimônia de
abertura, em 8 de agosto. As
provas começam no dia 9.
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