São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
TOSTÃO Jogo de negócios
Na semana passada, escrevi, com ironia, que apenas os profetas e palpiteiros sabiam o que aconteceria no jogo entre São Paulo e Corinthians. Não me referi aos muitos jornalistas que admiro, minhas referências, e que também gostam de palpitar sobre os resultados das partidas. Raramente acertam. Minhas críticas são à tendência de banalizar as opiniões, à falta de discussões mais amplas sobre futebol, à adoração pela audiência e pelos melhores momentos das partidas, ao excesso de chavões, de achismos e de palpites. Gosto também de campeonatos equilibrados, de emoção na reta final e de belíssimos gols, como os de Roger, do Ceará, e de Diego Souza, do Vasco. Porém sinto falta de um futebol coletivo mais bem jogado, de melhores gramados, de árbitros que não interfiram tanto nos resultados das partidas e de autênticos craques, como Neymar, e não apenas de bons jogadores e de craques de melhores momentos. Apesar de Ricardo Teixeira, gostaria também de ver uma excepcional seleção. Espero que a partida de hoje, entre Brasil e Argentina, não seja tão ruim como a primeira. O chamado Superclássico das Américas, apenas com jogadores que atuam nos dois países e em um momento inapropriado, por causa do Brasileirão, retrata bem a espetacularização de um fato que não deveria ter tanta importância. Quem está gostando desses confrontos são os agentes dos jogadores brasileiros e argentinos. Imagens dos atletas com as camisas nacionais foram espalhadas pelo mundo. Passam a ser rotulados como jogadores da seleção. Vários deles nunca vão jogar pelos times principais. Existe um grande interesse de investidores, de parceiros comerciais da CBF, dos Estados que vão sediar a Copa e de tantas pessoas que querem faturar com o Mundial que Neymar continue no país e que haja, na Copa, um grande número de jogadores que atuem no Brasil. O torcedor vai querer ver o jogador de seu clube na seleção. O atual ambiente publicitário, comercial e emocional vai pressionar, de uma maneira clara ou subliminar, o técnico Mano Menezes a convocar e escalar mais jogadores que atuam no Brasil. Antes, na dúvida, os que jogavam fora eram escolhidos. Agora, a preferência é dos que atuam aqui. Mesmo se Ronaldinho não estiver em forma na época da Copa da 2014, estará comercialmente valorizado. Antes, os negócios giravam em torno, à parte do futebol. Agora, fazem parte do jogo. É também um jogo de negócios. Texto Anterior: Argentina se atrasa e também ganha festa Próximo Texto: Scolari manda, e até presidente fica calado Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |