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FUTEBOL
América do Sul recupera chance de mandar 5º representante ao Mundial
Fifa "indeniza" Conmebol com repescagem para Copa
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
Entre os velhos companheiros e
os novos aliados, a cúpula da Fifa
preferiu ficar com os primeiros.
Como a Folha antecipou anteontem, o Comitê Executivo não
aumentou o número de participantes da Copa-2006, na Alemanha, de 32 para 36. Em compensação, para alegria dos sul-americanos, que sempre apoiaram a dupla João Havelange e Joseph Blatter, foi dada de volta à região uma
"meia" vaga nas eliminatórias.
Para isso, derrubaram a garantia de um representante da Oceania, continente que, com 11 votos,
foi fundamental para a reeleição
do suíço Blatter no ano passado.
Agora, quatro países da Conmebol (Confederação Sul-Americana) vão se classificar automaticamente. O quinto disputará uma
repescagem contra uma seleção
de região não definida -para atenuar o golpe recebido pelas nações da Oceania, não foi, por enquanto, estabelecido qual seleção
o vencedor do qualificatório dessa região terá de enfrentar.
A decisão, aprovada por 22 dos
24 membros presentes do Comitê
Executivo (houve um voto contra,
da Oceania, e uma abstenção, de
Blatter) causou profunda revolta
dos dirigentes do futebol menos
desenvolvido do planeta -eles
saíram da sala em que era realizada a reunião antes de seu final.
"Não aceito as razões dadas pelo
Comitê Executivo, mas nessas situações você não precisa de razões, só de uma desculpa", lamentou Basil Scarsella, presidente
da Confederação da Oceania.
Entre os argumentos apresentados a Scarsella está o desempenho
ruim do representante da Oceania
na Copa das Confederações atualmente disputada na França. "A
participação da Nova Zelândia
não ajudou", confirmou Blatter,
referindo-se às três derrotas em
três partidas da seleção, com saldo negativo de dez gols.
"No futebol é assim. Algumas
você ganha, e outra você perde",
afirmou o presidente da Fifa.
Há dúvidas se o recuo de ontem
não afronta a Justiça da Suíça, país
onde fica a sede da Fifa e cujas leis
são adotadas nas questões da entidade que controla o esporte.
Para alguns advogados, uma
decisão anterior tomada por
maioria, como a que deu uma vaga à Oceania, não poderia ser revogada. Já os cartolas entendem
que não há problema, desde que
uma nova maioria mude de opinião. "Espero que isso não acabe
em tribunais", disse Blatter.
A disputa pelas vagas entre os
continentes deixou claro que o
plano de engordar o Mundial em
quatro seleções só serviu de "cortina de fumaça" para o plano expansionista sul-americano.
Foi a própria Conmebol, por
meio do brasileiro Ricardo Teixeira, presidente da CBF, que retirou o inchaço de votação e propôs
a ressurreição da repescagem. E
coube à Uefa, confederação européia, articular a solução.
Blatter prometeu não mudar o
número de participantes e as regras até o Mundial de 2010, que
será realizado na África, e fez até
piada com o caso. "Finalmente
acabou a história de uma Copa
com 32, 36, 50 ou 104 seleções."
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