|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pequim 2008/Atletismo
Vitória num detalhe
Sarrafo, bastão e outros elementos desafiam técnica e talento nas pistas
FABIO GRIJÓ
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em milésimos de segundo,
algo que o olho humano é incapaz de enxergar com clareza, o
bastão passa pelas mãos dos
corredores. Não pode cair no
chão -o que pode eliminar o
quarteto do revezamento no
mesmo instante. Põe por terra
todo seu esforço na disputa.
O sarrafo também não pode
cair. Frágil, a ponto de não
agüentar o impacto de um simples toque do corpo do saltador,
a peça pode decidir a competição. O movimento do atleta
tem de ser perfeito para, além
de ganhar altura, não derrubar
o sarrafo e desperdiçar sua
chance de sair vencedor.
Mais que ser veloz, alto ou
forte, o competidor do atletismo precisa estar atento também a outros componentes que
fazem parte de seu dia-a-dia de
competição. Bastão, sarrafo,
vara, peso e dardo são alguns
desses elementos que dividem
as atenções com o próprio vigor
do atleta durante a competição.
Um triunfo pode ser conquistado à custa do detalhe. Esse detalhe pode ainda ajudar na
performance final do atleta. Ou
arruinar sua empreitada.
Em 2001, a equipe brasileira
do revezamento 4 x 100 m chegou ao Mundial de Edmonton,
no Canadá, como uma das favoritas. Um ano antes, o time tinha faturado a prata olímpica
em Sydney. A queda do bastão
na segunda passagem pôs fim
ao sonho nacional de ouro.
De cotado ao pódio, o quarteto teve de amargar a desclassificação. No Mundial seguinte, o
time levou o bronze.
"No nosso interior, sabemos
que fomos campeões do mundo
em Edmonton. Ali não perderíamos o campeonato", disse,
na ocasião, André Domingos,
que integrou o revezamento.
O bastão tem de ser entregue
ao companheiro de equipe, a
partir do segundo corredor, de
acordo com marcas que são
postas na pista, que têm distância de 20 m. Se a peça cair, o
atleta que a derrubou pode pegá-la nessa faixa de 20 m e seguir adiante, conta Katsuhiko
Nakaya, técnico dos revezamentos femininos do Brasil.
"O que acontece é que, quando há queda, muitos atletas optam por parar de correr, já que
pegar o bastão de novo acaba
com as chances, gasta um tempo", explica o treinador.
O sucesso nas provas de revezamento depende da precisão
da saída -ou seja, o quanto irá
correr o primeiro competidor
do quarteto- e da passagem do
bastão. "Nos treinos, você desenvolve aspectos como a posição das mãos, a passagem, a
reação visual", diz Nakaya.
Os atletas têm de dosar a velocidade para um não se distanciar do outro e, com isso, não
conseguir alcançar ou passar o
bastão. "Só com o treino se consegue a sintonia", fala Nakaya.
Nas provas em que há sarrafo, a técnica também determina o sucesso. Aquele que a utiliza melhor obtém resultados
mais satisfatórios. Consegue
aumentar suas chances de ultrapassar o sarrafo sem derrubá-lo. Senão restará voltar ao
começo e iniciar uma nova tentativa para transpor o obstáculo. Sem errar de novo.
Texto Anterior: Surra: Seleção feminina perde da austrália de 99 a 62 Próximo Texto: O que ver na TV Índice
|