|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Times da 4ª divisão paulista vinculam nome de candidato em uniforme
TJD avalia uso de camisas para publicidade eleitoral
DA REPORTAGEM LOCAL
A uma semana das eleições, o
TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) da FPF avalia a utilização,
por parte de clubes do interior de
São Paulo, de nomes de candidatos em uniformes, durante partidas do Campeonato Paulista da
Série B-1 (quarta divisão).
Das 16 equipes que participam
da disputa desde o último mês de
abril, pelo menos duas já utilizaram o artifício em jogos oficiais
-o Tupã e o Lemense.
Um dos casos foi comunicado
ao Tribunal. Na partida entre Lemense e Batatais, válida pelo segundo turno, o time de Leme (189
km de São Paulo) utilizou em sua
camisa os nomes "Juvenil" -do
candidato a deputado estadual Juvenil Correa de Almeida (PFL)-
e "Luiz Carlos Santos" -candidato a deputado federal pelo PFL.
Já o Tupã utiliza desde o início
da competição o nome "Vadão"
na camisa. Segundo o presidente
do clube, Walter Zaparolli, o patrocínio é referente ao grupo empresarial do deputado federal Vadão Gomes (PPB), que tenta seu
quarto mandato consecutivo.
O Lemense retirou os nomes
dos candidatos de sua camisa,
após seu presidente, Wando de
Melo, ter sido convocado para
prestar esclarecimentos no TJD.
Em Tupã (524 km de São Paulo), o nome "Vadão" continua estampado na camisa tricolor da
equipe da cidade.
"Como não existe precedente
de casos desse tipo, o Tribunal está analisando a situação e deve tomar uma posição até a próxima
segunda-feira [amanhã]", afirmou Marco Polo del Nero, presidente do TJD paulista.
Os casos também podem ser
analisados pela Justiça Eleitoral.
O desembargador Álvaro Lazzarini, corregedor regional do
TRE (Tribunal Regional Eleitoral), de São Paulo, informou, por
meio de sua assessoria, que a utilização de nomes de candidatos em
camisas de clubes de futebol poderia ser avaliada pelo órgão, caso
uma representação contrária ao
ato seja protocolada.
Tanto na alçada desportiva,
quanto na eleitoral, não existe
uma legislação específica que regulamente a utilização de nomes
de candidatos em camisas de clubes, segundo os dois tribunais.
Entretanto, a assessoria do TRE
informou que o caso é semelhante
às propagandas eleitorais realizadas em igrejas, templos e similares. Essa prática foi proibida pelo
TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Os dirigentes e os candidatos
envolvidos no episódio negam
que haja motivação política na
utilização dos nomes.
"O Tupã usa o nome "Vadão" há
dois anos. Eu não vou tirá-lo da
camisa porque não tem conexão
política", afirmou Zaparolli.
O deputado Vadão Gomes disse
à Folha que o nome estampado
no uniforme do Tupã se refere ao
Grupo Empresarial Vadão.
"Não tem nenhuma vinculação.
Nenhum benefício eleitoral. Tenho mais de dez empresas e ajudo, há 20 anos, outros clubes também. Isso é ciúme eleitoral", disse
Gomes, que na última eleição teve
mais de 120 mil votos.
Segundo o parlamentar, o Fernandópolis, que também disputa
a B-1, também recebe o patrocínio
de suas empresas. Mas o nome
utilizado é "Vadão Transportes",
transportadora de Gomes.
O deputado também declarou
que não exige que os clubes utilizem o seu nome nas camisas devido ao incentivo financeiro. "O
que vai no uniforme fica sempre a
critério do clube. Eu só ajudo",
afirmou Gomes.
"Até poderia ser campanha,
mas não tem nada de mais. Isso
tem em todo lugar. Mas, já que a
federação questionou, nós resolvemos tirar e não pretendemos
retomar, já que não interessaria
mais aos deputados", afirmou o
presidente do Lemense.
"Fiquei até surpreso. Foi uma
homenagem do clube por eu ser
um desportista na cidade. Não
tem vínculo político. "Juvenil" é
um nome comum e eu também
tenho uma loja de variedades",
disse Almeida.
(DIOGO PINHEIRO)
Texto Anterior: O que ver na TV Próximo Texto: Justiça já retirou painel de estádio Índice
|