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JOGOS ABERTOS
Competição, que teve 8.300 atletas e foi 6,4% maior que edição anterior, acabou ontem em Franca
Gigantismo já ameaça "olimpíada caipira"
MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL
Maior competição multiesportiva do país, os Jogos Abertos do
Interior foram encerrados ontem
em Franca (400 km de São Paulo)
com o sexto título seguido de São
Caetano do Sul e uma preocupação: o tamanho do evento.
Em sua 66ª edição, os Jogos tiveram a participação de cerca de
8.300 atletas de 169 cidades, em 20
modalidades, que representam
três recordes para o evento.
No ano passado, cerca de 7.800
atletas, de 165 cidades, haviam
competido em São José do Rio
Preto, em 19 modalidades.
Um aumento de 6,4% no número de participantes e que acompanha uma tendência acentuada
nos Jogos de 2001, quando o crescimento havia sido de 30%.
Em Santos, há dois anos, cerca
de 6.000 atletas participaram do
evento vindos de 130 cidades.
Na edição anterior, em Araraquara, havia mais cidades envolvidas -148-, mas o número de
participantes fora semelhante.
"Um dos principais questionamentos é sobre o aumento dos Jogos. Sabemos que não podemos
inchá-los demais, porque, caso
contrário, limitará cada vez mais
o número de cidades que poderão
ser sede", afirma Luiz Antônio
Chorilli, chefe do Comitê Dirigente, órgão do Estado de São Paulo
responsável pela organização.
Segundo Chorilli, são dois os
principais problemas a serem
equacionados na organização dos
Jogos. "Primeiro, a dificuldade
em se oferecer alojamento para
todos os atletas, técnicos e dirigentes. Depois, a falta de praças
esportivas adequadas."
Na disputa da competição em
Santos, há dois anos, a insuficiência de alojamentos já havia obrigado os organizadores a apelarem
à vizinha São Vicente, para o "empréstimo" de escolas, locais onde
as delegações das cidades costumam se hospedar.
Segundo o Comitê Dirigente, as
delegações serão consultadas
após o fim da competição sobre as
condições dos Jogos Abertos, inicialmente, por meio de um questionário que costuma ser entregue a cada edição.
Neste ano, pela primeira vez foram incluídas questões sobre o gigantismo da competição.
"Temos algumas idéias em
mente. Por exemplo, existe o interesse na criação dos Jogos Paraolímpicos do Interior. Porque essas
provas só podem acontecer em cidades que ofereçam instalações
adequadas", diz Chorilli.
Atualmente, as provas para atletas deficientes integram o programa dos Jogos Abertos.
Outra hipótese aventada pelo
dirigente para amenizar os efeitos
do inchaço é a organização conjunta entre duas ou mais cidades.
"Temos um precedente. Em
1997, Cerquilho, Boituva e Tietê
organizaram uma edição bem-sucedida dos Jogos Regionais".
Para o presidente da Fundação
Pró-Esporte, Miguel Pires, responsável pela organização dos Jogos Abertos em Santos, em 2000, e
também no próximo ano, o crescimento suscita ainda a discussão
de outras questões.
"É necessário decidir a quem
competem os direitos de comercialização dos Jogos, em todas as
áreas. Hoje existe uma indefinição, que prejudica a exploração. E
vamos pedir um aumento da verba destinada pelo Estado."
Hoje, segundo o Comitê Dirigente, a transmissão da competição por um canal pago rende retorno apenas de visibilidade.
Para a disputa da competição
em Franca, o Governo de São
Paulo entrou com R$ 250 mil. O
valor é igual ao que foi investido
na edição passada e representa
cerca de 53% do orçamento total
estimado para o evento.
"Esse número [do Estado] costuma ser fixo. À cidade-sede cabe
a contrapartida e a busca dos investidores", afirma Chorilli.
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