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FUTEBOL
Planejamento e acaso
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Aos poucos, devido ao planejamento e ao acaso, a seleção brasileira está melhorando e
se renovando.
As três últimas partidas, principalmente contra a França, foram
importantes para aumentar a
confiança, dar tranqüilidade e fazer alguns ajustes técnicos.
As mudanças estão acontecendo, para melhor. Logo após a Copa da Coréia/Japão, as únicas alterações foram a entrada, no gol,
do Dida no lugar do Marcos e a
troca de um zagueiro-volante
(Edmilson) pelo Zé Roberto.
Edmilson jogou no Mundial de
2002 mais de volante do que de
zagueiro. Gosto mais da formação atual, com uma linha de quatro defensores.
Depois, Rivaldo ficou sem jogar,
e entrou Kaká. Gilberto Silva e
Kléberson se contundiram, pioraram e perderam a posição. Juninho Pernambucano não era nem
convocado. Parreira achava que
ele era um meia ofensivo, sem
condições de atuar de volante.
Mas como Emerson e Renato não
agradaram e Juninho brilhava
atuando de volante, na França, o
técnico resolveu experimentá-lo.
Ainda bem.
Edmilson entrou no lugar do
Gilberto Silva. Ele está jogando
bem, mas ainda é cedo para dizer
que deva ser o titular.
Júlio Baptista repetiu na seleção
as suas ótimas atuações no Sevilla. Parreira está entusiasmado
com o jogador. Júlio Baptista é o
reserva do Juninho e pode substituir o Zé Roberto. Não será surpresa também se ele se tornar a
primeira opção para os lugares do
Kaká e do Ronaldinho Gaúcho.
Júlio Baptista joga nessa posição
no futebol espanhol. Porém seria
um erro, para essa função, preferi-lo ao Alex.
Com a mudança de posição do
Edmilson, sobrou uma vaga para
o Luisão, que poderá ser o titular.
Mudei de opinião sobre o Edu
Dracena e o Alex, do Santos. Parreira tinha razão. Os dois ainda
não merecem ser convocados.
Nos últimos três jogos, a principal evolução foi a presença do Juninho, que ataca e defende bem.
Falta o Zé Roberto fazer o mesmo
pela esquerda. Ele tem mobilidade e habilidade para isso. Os zagueiros e volantes passaram também a marcar mais na frente e se
aproximaram dos três do ataque.
O time ficou mais compacto.
Apesar do Parreira dizer que
Kaká é agora o meia de ligação e
que Ronaldinho Gaúcho é atacante, não houve nenhuma mudança no desenho tático. Na prática, os dois se alternam na armação e na finalização.
A equipe está se renovando,
com segurança, e não pode parar.
Parreira mostra que a seleção
precisa mais de um técnico equilibrado, prudente e com bons conhecimentos técnicos do que de
um treinador inovador, com
grande saber tático, mas afoito,
confuso e facilmente influenciável
pelas críticas.
Porém precisamos continuar
cobrando, criticando, elogiando e
sugerindo, sem formar patotas.
Muitas coisas ainda vão acontecer até a Copa da Alemanha,
em 2006. O planejamento é essencial em qualquer atividade, mas
são os fatos novos e o acaso os
principais responsáveis pelas
grandes mudanças. Não se pode
controlar o futuro.
Faltas e violência
Eu pensava que os árbitros brasileiros estivessem no mesmo nível dos europeus. Após assistir a
tantos jogos, aqui e lá, durante
anos, mudei de opinião.
Os erros na marcação de impedimento são os mesmos. A diferença está nas faltas e na punição
aos infratores. Os árbitros brasileiros marcam faltas demais. O
defensor toca na bola, o atacante
cai, e o árbitro apita. Por outro lado, os juízes brasileiros são muito
complacentes com a violência.
As partidas no Brasil deveriam
ter menos faltas, e mais expulsões
e suspensões, até os atletas pararem de se agredirem.
Venda de ingressos
Foi absurdo o esquema de venda de ingressos para o jogo entre
Brasil e Argentina. A comercialização é feita por uma empresa
particular, contratada pela CBF.
Milhares de pessoas ficaram
dois dias nas filas, e a maioria
não conseguiu comprar os ingressos. Houve tumultos, e muitos se
machucaram. Enquanto isso,
grande número de bilhetes era reservado para empresas, políticos,
clubes e amigos do poder. Na internet, os poucos ingressos se esgotaram em algumas horas. Isso
sem falar no imenso número de
convidados do governo.
É sempre assim. O Brasil continua sendo o país do futuro, que
nunca chega.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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