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JUCA KFOURI
A Espanha ganha tudo
Tudo aquilo que o esporte brasileiro conseguia 50 anos atrás, o esporte espanhol está conseguindo hoje em dia
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A
ESPANHA deu mais uma demonstração de como a democracia fez bem ao seu esporte.
O bicampeonato da Eurocopa, num
jogo em que o 1 a 0 não mostrou a superioridade espanhola sobre os alemães, vem se somar a uma série de
triunfos esportivos.
Até no futsal eles são os atuais bicampeões mundiais, recheados de
brasileiros, é verdade, assim como
Marcos Senna está na Fúria.
Mas não é só com a bola nos pés
que os espanhóis têm se dado bem,
muito bem, aliás.
Com ela nas mãos, por exemplo,
no basquete masculino, são os atuais
campeões mundiais. Com ela na raquete, foram campeões da Taça Davis em 2000 e em 2004, com sua armada hoje capitaneada por Rafael
Nadal. E tem ainda Fernando Alonso, bicampeão na F-1, nas temporadas de 2005 e 2006.
A festa espanhola ontem, em Viena, revelou, ainda, como é possível
ser campeão sem ter medo e como
são misteriosas as idiossincrasias
dos técnicos de futebol: Luis Aragonés barrou o ídolo Raúl, mas se deu
bem com Marcos Senna, que foi
mandado embora do Corinthians
por Vanderlei Luxemburgo.
Quem é o próximo?
Eurico Miranda caiu. A importância de sua queda é diretamente
proporcional à necessidade de Roberto Dinamite ser exemplar.
A simpatia pela causa da então
oposição vascaína era mesmo obrigatória, como é obrigatório, agora,
que a nova gestão seja fiscalizada e
cobrada. Claro que com a paciência
que se exige diante de um quadro
de descalabro deixado pelos métodos do pequeno ditador.
Pequeno em tantas coisas, embora capaz de grandes prejuízos, assim como a permanência de velhos
esquemas e nomes em clubes como
o Bahia, o Atlético-MG, o Santos,
entre outros, só têm causado males
que se aprofundam perigosa e irremediavelmente.
A tal ponto que faz sentido perguntar: devemos esquecer essas figuras nefastas que infelicitam tanta gente? Como viverá Eurico Miranda daqui para a frente? Viverá
rindo de nossa cara, sem nunca
mais pisar em São Januário como é
comum nos cartolas que exploram
nossos clubes? Será uma reedição
de Edmundo Santos Silva, que vive
feito um nababo no país da impunidade? Ou pelo menos viverá atormentado como Alberto Dualib?
Faz 50 anos
Faz 50 anos que, numa segunda-feira como hoje, um menino de
pouco mais de oito anos acordou se
sentindo dono do mundo.
Inesquecível o sentimento de superioridade e a sensação de que dali
para a frente tudo seria melhor.
Tínhamos Didi, Pelé, Mané,
Amaury, Wlamir, Maria Esther
Bueno, Eder Jofre, Manoel dos
Santos, tantos.
João Gilberto, Antonio Carlos
Jobim e até um tal Cinema Novo do
qual o garoto ainda sacava pouco.
E tínhamos um certo JK.
Aquele sim!
Mas ele morreu cassado por um
golpe infame, e o Brasil se perdeu.
O futebol e a música ainda nos
enchem de orgulho, mas não há
mais nenhum JK que simbolize o
que ele simbolizava sorridente.
Já o rei Juan Carlos e o primeiro-ministro Zapatero na Espanha...
blogdojuca@uol.com.br
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