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Muralha da china
COI admite acordo com chineses para censurar internet
Comitê se desculpa por ter anunciado que acesso seria livre
ADALBERTO LEISTER FILHO
EDUARDO OHATA
ENVIADOS ESPECIAIS A PEQUIM
O chefe de imprensa do Comitê Olímpico Internacional,
Kevan Gosper, admitiu ontem
que o órgão negociou com o governo chinês a manutenção do
bloqueio sobre sites "sensíveis"
ao regime, como os de organizações humanitárias ou ligadas
ao movimento espiritual Falun
Gong, banido no país.
"Eu... agora entendo que autoridades do COI negociaram
com os chineses o fato de que
certos sites seriam bloqueados,
desde que não tivessem relação
com os Jogos Olímpicos", declarou Gosper, constrangido.
A porta-voz do COI, Giselle
Davies, negou, depois, a informação. Segundo ela, o comitê já
sabia que os chineses não abririam mão de controlar "páginas
pornográficas ou que ameacem
a segurança nacional".
Gosper pediu desculpas aos
jornalistas por ter expressado
em diversas ocasiões, anteriormente, que o acesso à internet
seria livre durante os 19 dias de
competição em Pequim.
"Eu lamento o fato de o Bocog [comitê organizador] impor limitações e acredito que
Bocog e COI deveriam ter, anteriormente, divulgado uma
mensagem mais clara a respeito do acesso", disse ele.
A confirmação de que a censura à rede mundial de computadores seria mantida durante
a Olimpíada partiu de Sun Weide, porta-voz do Bocog. Segundo ele, o compromisso chinês
era apenas o de garantir "acesso suficiente para o trabalho
dos repórteres" em Pequim.
Até a semana passada, o próprio presidente do COI, Jacques Rogge, havia assegurado
que os jornalistas credenciados
(são mais de 21 mil) teriam liberdade para trabalhar.
"Pela primeira vez, a mídia
estrangeira poderá reportar livremente e publicar livremente desde a China. Não haverá
censura na internet", afirmou o
mandatário à agência de notícias France Presse em abril.
A reação mundial ao bloqueio foi unânime: entidades
de classe, como a Repórteres
sem Fronteiras, e até governos,
como o dos EUA, lamentaram a
decisão. Questionada, Dana Perino, porta-voz da Casa Branca,
disse que o governo chinês "não
tem nada a temer na internet".
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