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F-1
Fernando Alonso, revelação deste ano, e pentacampeão mundial compartilham coincidências em seus inícios de carreira
Prodígio segue trajetória de Schumacher
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Final de agosto. Um garoto de
23 anos, de um país sem tradição
na F-1, vence pela primeira vez na
categoria pilotando para uma
equipe média. É sua segunda temporada. Sua precocidade é festejada. Seu talento, elogiado. Ele é
apontado como futuro campeão.
Foi assim, em 30 de agosto de
1992, na Bélgica, a primeira vitória
de Michael Schumacher. E foi assim há uma semana, na Hungria,
a primeira de Fernando Alonso.
É óbvio exagero, após uma vitória, empossar o espanhol como
sucessor do pentacampeão. Ao
seu lado, no pódio em Budapeste,
havia fortes rivais, Kimi Raikkonen e Juan Pablo Montoya.
Mas ele tem um trunfo: cumpre,
até agora, trajetória idêntica à do
ferrarista. Está na mesma equipe
que projetou Schumacher e está
sendo preparado pelas mesmas
pessoas que o "fabricaram".
Antes mesmo de chegar à categoria, involuntariamente Alonso
repetiu os passos do campeão.
Fato raro em um esporte caro
como o automobilismo, os dois
pilotos têm origem humilde.
O pai de Alonso, José Luis Díaz,
trabalhava com explosivos nas
minas de Oviedo, nas Astúrias.
Rolf Schumacher era zelador de
um kartódromo em Kerpen.
Ambos começaram a correr cedo, por brincadeira, e tomaram
gosto pela coisa. Sem dinheiro, foram socorridos por mecenas.
O alemão, por Willi Weber, que
se tornou seu empresário.
Alonso, por Genis Marcó, um
catalão, dono de uma fábrica de
karts. Em 1999, após 15 anos de
kart, foi adotado pelo espanhol
Adrian Campos, ex-piloto de F-1.
Na categoria, o mecenas foi o
mesmo: o italiano Flavio Briatore.
"Ele é a pessoa mais importante
da minha carreira", afirmou
Alonso, em entrevista à Folha.
Em 1991, Briatore viu em Schumacher uma potencial estrela. Tirou-o da Jordan após um só GP e
o colocou na Benetton. Demorou
nove anos até que ele achasse outro que valesse a aventura.
Em 2000, Alonso correu na F-3000. Apesar de ter vencido apenas uma corrida, assinou com
Briatore por dez anos, diz o boato.
No ano seguinte, Alonso estava
na F-1, correndo pela Minardi.
Em 2001, porém, Briatore voltou à
Benetton (antes da mudança de
nome para Renault), equipe que
levou aos céus em meados dos
anos 90, com Schumacher.
Alonso foi contratado como piloto de testes e neste ano faz sua
segunda temporada na categoria.
Não por coincidência, o discurso dos dois é semelhante. "Me divirto muito pilotando. Não tem
nada a ver com o resultado. Às vezes, a classificação não é tão boa,
mas sempre me divirto dando o
meu máximo, acelerando tudo",
disse Alonso, como que parafraseando Schumacher.
Ah... São fanáticos por futebol e
formam o ataque do time de pilotos da F-1. Schumacher torce para
o Colônia. Alonso, para o Real
Madrid. "Quem sabe, um dia, não
fico famoso como o Raúl?", perguntou, rindo, à Folha, referindo-se a seu único ídolo no esporte, o
atacante de seu time do coração.
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