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Teatro
Vende-se poesia
Vocalista do Cordel do Fogo Encantado mostra no teatro a relação conflituosa entre o comércio e a poesia
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Poesia é mercadoria?
A insistente pergunta retorna aos holofotes, desta vez como
fio condutor do monólogo "Mercadorias e Futuro", escrito e interpretado por
José Paes de Lira Filho, o Lirinha, da banda pernambucana
Cordel do Fogo Encantado.
Habituado ao palco na condição de músico e cantador, o artista resolveu procurar nas artes cênicas o meio para se expressar. "O teatro possibilita
um mergulho maior, um tempo
maior de dedicação ao texto",
justifica. "Além disso, ele promove a reunião da música, da
palavra e da imagem."
Lirinha se lembra da primeira vez que ganhou dinheiro
com poesia. Ele tinha 12 anos e
costumava declamar poemas
aprendidos com os avós, grandes apreciadores dos improvisos da cantoria. "Um cantador
me viu dizendo poesia e me
chamou para começar profissionalmente -foi a primeira
vez na vida que tive uma relação com o cachê."
Essa lembrança é retomada
pelo personagem Lirovsky,
vendedor ambulante de registros proféticos que protagoniza
a peça. "O espetáculo às vezes
se torna um pouco autobiográfico, mas ele traz muita fantasia
também, conta muitas histórias que nunca aconteceram",
explica Lirinha. "Mas a relação
conflituosa entre o comércio e
a poesia -o que não se vende, o
que não tem preço, o que é sublime- faz parte da minha história pessoal."
Para se preparar para a empreitada, Lirinha contou com a
ajuda da namorada, a atriz
Leandra Leal. "Eu estava muito
envolvido em um ambiente de
música, que é muito diferente
do que o teatro exige em termos
de aquecimento, corpo, voz",
explica. "Ela foi fundamental
nesse meu retorno e me ajudou
bastante com os problemas que
iam surgindo."
MERCADORIAS E FUTURO
ONDE >> Sala Crisantempo
r. Fidalga, 521 - Vila Madalena
Tel: 3819.2287
QUANDO >> 5 a 26 de agosto, às
terças e quartas, 21h
QUANTO >> R$ 30 (inteira)
CENSURA >> 12 anos
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