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televisão
Cultura black
Reportagem do Folhateen visita os bastidores do programa "Manos e Minas"
JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Salve, salve. É tarde de
segunda-feira e a porta do teatro Franco
Zampari, no bairro da
Luz, está lotada. Manos e minas, vindos de toda a
grande São Paulo, estão à espera de um lugar no auditório.
Calças largas, bonés e camisetas de times de basquete
americanos estão no corpo de
dez entre cada nove meninos.
Nelas, nada de visual largado.
A produção dos cabelos supermontados dura um tempão.
Katia do Nascimento, 20, levou
12 horas para trançar a cabeleira colorida, amarrada numa espécie de coque. "Minha prima,
que é cabeleireira, precisou de
dois turnos de seis horas cada
um para terminar", confessa a
estudante de pedagogia. Certo?
Na entrada, cada membro
das caravanas recebe um sanduíche e um refrigerante, para
manter a animação durante as
gravações. Com a platéia sentada no seu devido lugar, um produtor avisa: "Por favor não falem palavrão. De resto, é pra
botar a boca mesmo!".
E assim começa o programa
"Manos e Minas", da TV Cultura, que tem como tema a cultura negra. "Existe muita criatividade na periferia e queríamos
mostrar que lá não tem só desgraça", explica o editor do semanal, Ramiro Swetsch.
"Salve, rapa!", cumprimenta
Rappin" Hood, o apresentador.
Logo após, entra em cena a
atração musical do dia, o cantor
Bebeto, da velha guarda do
samba-rock, botando a platéia
para dançar o som feito ao vivo.
"Quem gostou faz barulho!",
ordena Rappin" Hood. E vamos
para o intervalo.
"Manos e minas, hey, manos
e minas, hou!", canta Rappin"
Hood, junto com o auditório,
na volta dos reclames. Passada
a euforia, Bebeto conta como
surgiu o samba-rock, também
chamado de suingue, nos anos
70. Depois da aula de história
da música, chega a vez do quadro quinzenal "Rolê do Buzão",
escrito assim mesmo, com z,
em referência ao apresentador
Alessandro Buzo. No seu "rolê"
na periferia da cidade, o escritor mostra projetos e eventos
ligados à cultura negra.
Revezando com Alessandro,
o também escritor Ferréz comanda outro quadro quinzenal, o "Interferência". Da barraca do Saldanha, no Capão Redondo, bairro onde mora, Ferréz entrevista convidados como o escritor Fernando Bonassi, a cantora Negra Li e o poeta
Arnaldo Antunes. Terminadas
as entrevistas, mais uma pausa,
porque ninguém é de ferro.
Bebeto manda mais uma, e a
estrela da vez é a Priscilla Araújo, 29. "Prila", como é conhecida nas ruas, conta como foi o último encontro de grafiteiras
em São Paulo, promovido pelo
grupo Grafiteiras BR. Enquanto isso, pinta um painel que fará
parte do cenário do programa,
ao lado de 14 outros artistas que
já passaram por lá.
O programa vai acabando, e
Rappin" Hood agradece mais
uma vez a "todos os irmãos que
representam os elementos do
hip hop" e termina o programa
fazendo um rap do clássico do
samba-rock "Segura a Nêga",
em parceria com Bebeto. O público se despede. Salve, salve.
BALADAS DE BLACK MUSIC
Vejas as sugestões de baladas black dadas pelo "Manos e Minas" e pela platéia do programa
Clube do Samba Rock
- Às quartas-feiras, das 18h às 24h
- Picasso Bar (r. Álvaro de Carvalho, 35, Centro; 18 anos; R$ 15; tel. 3104-9103)
- www.noitesdocentro.com.br
Rua do Samba Paulista
- Nas tardes do último
sábado do mês, referências do samba paulista se reúnem em uma roda no centrão da cidade
- Das 14h às 20h.
- Largo General Osório, Luz; livre; grátis
Grazie a Dio!
- Baladas de black music ao som de soul, funk, sambarock e blues
- Às terças e quartas, às 22h, e de quinta a domingo, às 23h
- R. Girassol, 67, Vila Madalena; 18 anos; de R$ 15 a R$ 20; tel. 3031-6568)
- www.grazieadio.com.br
Mood Club
- Às sextas-feiras, às 23h, a festa "Black Mood" traz hip hop, black e underground. Aos sábados, às 22h, na festa "SamBlack Mood", um DJ toca black music em uma das pistas, enquanto shows de samba e de samba-rock acontecem na segunda pista da casa
- R. Teodoro Sampaio, 1.109, R$ 5 a R$ 30, preço varia de acordo com o dia, atração e horário; tel. 3060-9010)
- www.moodclub.com.br
Dolores Bar
- A tradicional casa especializada em black music toca hip hop, soul, reggaeton, samba-rock e r&b
- R. Fradique Coutinho, 1.007, Pinheiros; 18 anos; de R$ 10 a R$ 40; tel. 3812-6519
- Às sextas e aos sábados, das 22h até o último cliente
- www.doloresbar.com
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